quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Presidente Pepe Mujica


"Queremos Uruguai cheio de engenheiros, filósofos e artistas"

O presidente eleito do Uruguai, José "Pepe" Mujica, reuniu-se com um grupo de intelectuais em dezembro de 2009 e fez alguns pedidos a eles: que contagiem todo o povo uruguaio com o olhar curioso sobre o mundo, que está no DNA do trabalho intelectual, e com o inconformismo. Mujica propõe também uma revolução na educação. "Escolas de tempo completo, faculdades no interior, ensino superior massificado. E, provavelmente, inglês desde o pré-escolar no ensino público. Porque o inglês não é idioma falado pelos ianques; é o idioma com o qual os chineses conversam com o mundo. Não podemos ficar de fora".
Fonte: Carta Maior


Discurso proferido em dezembro de 2009 pelo presidente eleito da República do Uruguai,
José Alberto Mujica Cordano (El Pepe), dirigente histórico e fundador do
Movimento de Libertação Tupamaros

A vida tem sido extraordinariamente generosa comigo. Ela me deu inúmeras satisfações, mais além do que jamais me atrevera a sonhar.

Quase todas são imerecidas. Mas nenhuma é mais que a de hoje: encontrar-me aqui agora, no coração da democracia uruguaia, rodeado de centenas de cabeças pensantes.

Cabeças pensantes! À direita e à esquerda. Cabeças pensantes a torto e a direito, cabeças pensantes para atirar para cima.

Vocês se lembram do Tio Patinhas, o tio milionário do Pato Donald que nadava em uma piscina cheia de moedas? Ele tinha uma sensualidade física pelo dinheiro.

Gosto de me ver como alguém que gosta de tomar banho em piscinas cheias de inteligência alheia, de cultura alheia, de sabedoria alheia.

Quanto mais alheia, melhor. Quanto menos coincide com meus pequenos saberes, melhor.

O semanário Búsqueda tem uma frase charmosa que usa como insígnia:

“O que digo, não o digo como homem sabedor, mas sim buscando junto com vocês”.

Por uma vez estamos de acordo. Sim, estaremos de acordo.

O que digo, não o digo como chacareiro sabichão, nem como trovador ilustrado. Digo-o buscando com vocês.

O digo, buscando, porque só os ignorantes acreditam que a verdade é definitiva e maciça, quando ela é apenas provisória e gelatinosa. É preciso buscá-la porque ela anda correndo brincando de esconde-esconde. E pobre daquele que empreenda essa caça sozinho. É preciso fazê-la com vocês, com aqueles que fizeram do trabalho intelectual a razão de sua vida. Com os que estão aqui e com os muito mais que não estão.

De todas as disciplinas

Se olharem para trás, seguramente encontrarão algumas caras conhecidas porque se trata de gente que trabalha em espaços de trabalho afins. Mas vão encontrar muito mais rostos desconhecidos porque a regra desta convocação foi a heterogeneidade.

Aqui estão os que se dedicam a trabalhar com átomos e moléculas e os que se dedicam a estudar as regras da produção e da troca na sociedade. Há gente das ciências básicas e de sua quase antípoda, as ciências sociais: gente da biologia e do teatro, da música, da educação, do direito e do carnaval. Há gente da economia, da macroeconomia, da microeconomia, da economia comparada e até alguns da economia doméstica. Todas cabeças pensantes, mas que pensam distintas coisas e podem contribuir desde suas distintas disciplinas para melhorar este país.

E melhorar este país significa muitas coisas, mas entre as prioridades que queremos para esta jornada, melhorar o país significa impulsionar os processos complexos que multipliquem por mil o poderio intelectual que aqui está reunido. Melhorar o país significa que, dentro de vinte anos, o Estádio Centenário não seja suficiente para abrigar um ato como este, pois o Uruguai estará cheio, até as orelhas, de engenheiros, filósofos e artistas.

Não é queiramos um país que bata os recordes mundiais pelo puro prazer de fazê-lo. É porque está demonstrado que, uma vez que a inteligência adquira um certo grau de concentração em uma sociedade, ela se torna contagiosa.

Inteligência distribuída

Se, um dia, lotarmos estádios de gente formada será porque, na sociedade, haverá centenas de milhares de uruguaios que cultivaram sua capacidade de pensar. A inteligência que traz riqueza para um país é a inteligência distribuída. É a que não está só guardada nos laboratórios ou na universidade, mas sim anda pela rua. A inteligência que se usa para plantar, para tornear, para manejar uma máquina, para programar um computador, para cozinhar, para atender bem um turista é a mesma inteligência. Alguns subiram mais degraus do que outros, mas se trata da mesma escada.

E os degraus de baixo são os mesmos para a física nuclear e para o manejo de um campo. Para tudo é preciso o mesmo olhar curioso, faminto de conhecimento e muito inconformista. Acabamos sabendo porque antes ficamos incomodados por não saber. Aprendemos porque temos comichão e isso se adquire por contágio cultural desde quando abrimos os olhos ao mundo.

Sonho com um país onde os pais mostrem a pastagem a seus filhos pequenos e digam: “Sabem o que é isso? É uma planta processadora da energia do sol e dos minerais da terra”. Ou que lhes mostrem o céu estrelado e façam com que pensem nos corpos celestes, na velocidade da luz e na transmissão das ondas. E não se preocupem que esses pequenos uruguaios vão seguir jogando futebol. Só que, lá pelas tantas, enquanto vêem a bola picar, podem pensar ao mesmo tempo na elasticidade dos materiais que a fazem rebotar.

Capacidade de interrogar-se

Havia um ditado: “Não dê peixe a uma criança, ensina-a a pescar”.

Hoje deveríamos dizer: “Não dê um dado a uma criança, ensina-a a pensar”.

Do jeito que vamos, os depósitos de conhecimento não vão estar mais situados dentro de nossas cabeças, mas sim fora, disponíveis para buscá-los na internet. Aí vai estar toda a informação, todos os dados, tudo o que se sabe. Em outras palavras, aí vão estar todas respostas. Mas não vão estar todas as perguntas. O diferencial vai estar na capacidade de se interrogar, na capacidade de formular perguntas fecundas, que provoquem novos esforços de investigação e aprendizagem.

E isso está bem no fundo, marcado quase no nosso de nossa cabeça, tão fundo que quase não temos consciência.

Simplesmente aprendemos a olhar o mundo com um sinal de interrogação e essa se torna nossa maneira natural de olhar para o mundo. Adquirimos essa capacidade muito cedo e ela nos acompanha por toda a vida. E, sobretudo, queridos amigos, ela contagia.

Em todos os tempos foram vocês, os que se dedicam à atividade intelectual, os encarregados de espalhar a semente. Ou para dize-lo em palavras que nos são muito caras: vocês têm sido os encarregados de acender a necessária inquietação.

Por favor, vão e contagiem. Não perdoem a ninguém.

Necessitamos de um tipo de cultura que se propague no ar, entre os lugares, que se cole nas cozinhas e até nos banheiros. Quando conseguirmos isso, teremos ganho a partida quase para sempre. Porque se quebra a ignorância essencial que enfraquece muita gente, uma geração após a outra.

O conhecimento é prazer

Precisamos, antes de mais nada, massificar a inteligência, para nos tornarmos produtores mais potentes. Isso é quase uma questão de sobrevivência. Mas nesta vida não se trata só de produzir: também é preciso desfrutar. Vocês sabem melhor do que ninguém que, no conhecimento e na cultura, não há só esforço, mas também prazer.

Dizem que as pessoas que correm pelas ruas chegam num ponto em que entram numa espécie de êxtase onde já não existe o cansaço e só fica o prazer. Creio que ocorre o mesmo com o conhecimento e a cultura. Chega um ponto onde estudar, investigar e aprender já não é um esforço, mas um puro deleite.

Que bom seria que esses manjares estivessem a disposição de muita gente! Que bom seria se, na cesta de qualidade de vida que o Uruguai pode oferecer a sua gente, houvesse uma boa quantidade de consumos intelectuais. Não porque seja elegante, mas sim porque é prazeroso. Porque se desfruta com a mesma intensidade com a qual se pode desfrutar de um prato de talharim.

Não há uma lista obrigatória das coisas que nos tornam felizes! Alguns podem pensar que o mundo ideal é um lugar repleto de shopping centers. Nesse mundo, as pessoas são felizes porque todos podem sair cheios de sacolas com roupas novas e caixas de eletrodomésticos. Não tenho nada contra essa visão, só digo que ela não é a única possível.

Digo que também podemos pensar em um país onde a gente escolhe arrumar as coisas ao invés de jogá-las fora, onde se prefere um carro pequeno a um grande, onde decidimos nos agasalhar melhor ao invés de aumentar a calefação.

Esbanjar não é o que fazem as sociedades mais maduras. Vejam a Holanda e as cidades repletas de bicicletas. Aí as pessoas se deram conta de que o consumismo não é a escolha da verdadeira aristocracia da humanidade. É a escolha dos farsantes e dos frívolos.

Os holandeses andam de bicicleta, eles as usam para ir trabalhar, mas também para ir a concertos ou aos parques. Chegaram a um nível em que sua felicidade cotidiana se alimenta de consumos materiais como intelectuais.

De modo que, amigos, vão e contagiem todos com o prazer pelo conhecimento. Paralelamente, minha modesta contribuição será fazer com que os uruguaios andem de pedalada em pedalada.

Inconformismo

Eu lhes pedi antes que contagiem os outros com o olhar curioso sobre o mundo, que está no DNA do trabalho intelectual. E agora aumento o pedido e lhes rogo que contagiem também com o inconformismo. Estou convencido que este país necessita uma nova epidemia de inconformismo, como a que os intelectuais geraram décadas atrás.

No Uruguai, nós que estamos no espaço político da esquerda somos filhos ou sobrinhos daquele semanário Marcha, do grande Carlos Quijano. Aquela geração de intelectuais impôs-se a si mesma a tarefa de ser a consciência crítica da nação. Andavam com alfinetes na mão, estourando balões e desinflando mitos.

Sobretudo o mito do Uruguai multicampeão. Campeão da cultura, da educação, do desenvolvimento social e da democracia. Acabamos não sendo campeões de nada. Menos ainda nestes anos, nas décadas de 50 e 60, onde o único recorde que obtivemos foi ser o país da América Latina que menos cresceu em 20 anos. Só o Haiti nos superou neste ranking.

Esses intelectuais ajudaram a demolir aquele Uruguai da siesta conformista.

Com todos seus defeitos, preferimos esta etapa, onde estamos mais humildes e situados na real estatura que temos no mundo. Mas precisamos recuperar aquele inconformismo e colocá-lo embaixo da pele do Uruguai inteiro.

Antes eu dizia a vocês que a inteligência que serve a um país é a inteligência distribuída. Agora, digo que o inconformismo que serve a um país é o inconformismo distribuído. Aquele que invade a vida de todos os dias e nos empurra a perguntar-nos se o que estamos fazendo não pode ser feito melhor. O inconformismo está na própria natureza do trabalho de vocês. Precisamos que ele se torne uma segunda natureza de todos nós.

Uma cultura do inconformismo é aquela que não nos deixa parar até que consigamos mais quilos por hectare de trigo ou mais litros por vaca leiteira. Tudo, absolutamente tudo, pode ser feito de um modo um pouco melhor do que foi feito ontem. Desde arrumar a cama de um hotel até produzir um circuito integrado.

Necessitamos de uma epidemia de inconformismo. E isso também é cultural, também se irradia desde o centro intelectual da sociedade para sua periferia. É o inconformismo que fez com que pequenas sociedades ganhassem respeito sobre o que fazem. Aí estão os suíços, meia dúzia de gatos pintados como nós, que se dão o luxo de andar por aí vendendo qualidade suíça ou precisão suíça. Eu diria que o que vendem de verdade é inteligência e inconformismo suíços, que estão esparramados por toda a sociedade.

A educação é o caminho

Amigos, a ponte entre este hoje e este amanhã que queremos tem um nome e se chama educação. É uma ponte longa e difícil de cruzar. Porque uma coisa é a retórica da educação e outra coisa é nos decidirmos a fazer os sacrifícios necessários para lançar um grande esforço educativo e sustentá-lo no tempo. Os investimentos em educação são de rendimento lento, não iluminam nenhum governo, mobilizam resistências e obrigam o adiamento de outras demandas.

Mas é preciso seguir esse caminho. Devemos isso a nossos filhos e netos. E é preciso fazê-lo agora, quando ainda está fresco o milagre tecnológico da internet e se abrem oportunidades nunca antes vistas de acesso ao conhecimento.

Eu me criei com o rádio, vi nascer a televisão, depois a televisão a cores, depois as transmissões por satélite. Mais tarde, passaram a aparecer quarenta canais em minha TV, incluindo aí os que transmitiam direto dos Estados Unidos, Espanha e Itália. Depois vieram os celulares e os computadores que, no início, serviam apenas para processar números. Em cada um destes momentos, fiquei com a boca aberta. Mas agora com a internet se esgotou a minha capacidade de surpresa. Sinto-me como aqueles humanos que viram uma roda pela primeira vez. Ou que viram o fogo pela primeira vez.

Sentimos que nos tocou a sorte de viver um marco na história. Estão sendo abertas as portas de todas as bibliotecas e de todos os museus. Todas as revistas científicas e todos os livros do mundo vão estar a nossa disposição. E, provavelmente, todos os filmes e todas as músicas do mundo. É perturbador.

Por isso precisamos que todos os uruguaios e, sobretudo, todos os pequenos uruguaios saibam nadar nessa corrente. Precisamos subir essa corrente e navegar nela como um peixe na água. Conseguiremos isso se a matriz intelectual da qual falávamos antes estiver sólida. Se soubermos raciocinar em ordem e fazermos as perguntas que valem a pena.

É como uma corrida em duas vias: lá em cima no mundo o oceano de informação; aqui embaixo, nós, preparando-nos para a navegação transatlântica.

Escolas de tempo completo, faculdades no interior, ensino superior massificado. E, provavelmente, inglês desde o pré-escolar no ensino público. Porque o inglês não é idioma falado pelos ianques; é o idioma com o qual os chineses conversam com o mundo. Não podemos ficar de fora. Não podemos deixar nossas crianças de fora.

Essas são as ferramentas que nos habilitam a interagir com a explosão universal do conhecimento. Este mundo não simplifica a nossa vida: complica-a. Nos obriga a ir mais longe, a ir mais fundo na educação. Não há tarefa maior diante de nós.

O idealismo ao serviço do Estado

Queridos amigos, estamos em tempos eleitorais. Em benditos e malditos tempos eleitorais. Malditos, porque nos põe a brigar e a disputar corridas entre nós. Benditos, porque nos permitem a convivência civilizada. E mais uma vez benditos porque, com todas as suas imperfeições, nos fazem donos do nosso próprio destino. Aqui todos aprendemos que é preferível a pior democracia à melhor ditadura.

Nos tempos eleitorais, todos nos organizamos em grupos, frações e partidos, nos cercamos de técnicos e profissionais e desfilamos frente ao soberano. Há adrenalina e entusiasmo. Mas depois, alguém ganha e alguém perde. E isso não deveria ser um drama.

Com estes ou com aqueles, a democracia uruguaia seguirá seu caminho e irá encontrando as fórmulas rumo ao bem-estar. Seja qual for o lugar que nos toque, ali estaremos colocando a tarefa sobre os ombros. E estou seguro de que vocês também. A sociedade, o Estado e o Governo precisam de seus muitos talentos. E precisam mais ainda de sua atitude idealista. Nós que estamos aqui, entramos na política para servir, não para nos servir do Estado. A boa fé é a nossa única intransigência. Quase todo o resto é negociável. Muito obrigado por acompanharem-me.

Pepe Mujica

[grifos do blog]

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Noam Chomsky.


O legado de 1989 nos dois hemisférios


O contraste entre a queda do Muro de Berlim, a libertação dos países satélites da antiga União Soviética e o esmagamento da esperança nos estados clientes dos EUA é impressionante e instrutivo – ainda mais quando ampliamos a perspectiva. Os eventos são memoráveis, mas perspectivas alternativas podem ser reveladoras. Principalmente quando há outros muros a serem derrubados, como o muro de anexação na Palestina e o silêncio sobre o que aconteceu uma semana depois da queda do Muro de Berlim: o assassinato de seis importantes intelectuais jesuítas em El Salvador, por homens treinados na Escola das Américas. O artigo é de Noam Chomsky.
Fonte: Carta Maior


Este ano marcou o aniversário de grandes eventos ocorridos em 1989: "o maior ano da história do mundo desde 1945", como o historiador britânico Timothy Garton Ash o descreve. Naquele ano, "tudo mudou", escreve Garton Ash. As reformas de Mikhail Gorbachev na Rússia e a sua "impressionante renúncia do uso da força" levaram à queda do Muro de Berlim, em 9 de Novembro – e à libertação da Europa Oriental da tirania russa. Os elogios são merecidos, os eventos, memoráveis. Mas perspectivas alternativas podem ser reveladoras.

A chanceler alemã, Angela Merkel, forneceu – sem querer – uma tal perspectiva, quando apelou a todos nós para "usar este dom inestimável da liberdade para ultrapassar os muros do nosso tempo". Uma forma de seguir o seu bom conselho seria desmantelar o muro maciço, superando o muro de Berlim em escala e comprimento, que serpenteia atualmente através do território da Palestina, em violação do direito internacional.

O “muro de anexação”, como deveria ser chamado, é justificado em termos de “segurança” – a racionalização por defeito para muitas das ações do Estado. Se a segurança fosse a preocupação, o muro teria sido construído ao longo da fronteira e tornado inexpugnável. O propósito desta monstruosidade, construído com o apoio dos EUA e a cumplicidade européia, é permitir que Israel se aposse de valiosa terra palestina e dos principais recursos hídricos da região, negando assim qualquer existência nacional viável à população autóctone da antiga Palestina.

Outra perspectiva sobre 1989 vem de Thomas Carothers, um acadêmico que trabalhou em programas de “reforço da democracia” na administração do antigo presidente Ronald Reagan. Depois de rever o registro, Carothers concluiu que todos os líderes dos EUA foram "esquizofrênicos" – apoiando a democracia quando se conforma aos objetivos estratégicos e econômicos dos EUA, como nos satélites soviéticos, mas não nos estados clientes dos EUA.

Esta perspectiva é dramaticamente confirmada pela recente comemoração dos acontecimentos de Novembro de 1989. A queda do muro de Berlim foi comemorada com razão, mas houve pouca atenção ao que aconteceu uma semana mais tarde: em 16 de Novembro, em El Salvador, o assassinato de seis importantes intelectuais latino-americanos, padres jesuítas, juntamente com a sua cozinheira e sua filha, pelo batalhão de elite Atlacatl, armado pelos EUA, fresco do treino renovado na Escola de Guerra Especial JFK, em Fort Bragg, Carolina do Norte.

O batalhão e seus esbirros já tinham compilado um registro sangrento ao longo da terrível década que começou em 1980 em El Salvador com o assassinato, praticamente às mesmas mãos, de Dom Oscar Romero, conhecido como “a voz dos sem voz”. Durante a década da “guerra contra o terrorismo” declarada pelo governo Reagan, o horror foi semelhante em toda a América Central.

O reinado de tortura, assassinato e destruição na região deixou centenas de milhares de mortos. O contraste entre a libertação dos satélites da União Soviética e o esmagamento da esperança nos estados clientes dos EUA é impressionante e instrutivo – ainda mais quando ampliamos a perspectiva.

O assassinato dos intelectuais jesuítas trouxe praticamente o fim à “teologia da libertação”, o renascimento do cristianismo que tinha as suas raízes modernas nas iniciativas do Papa João XXIII e do Vaticano II, que ele inaugurou em 1962. O Vaticano II "deu início a uma nova era na história da Igreja Católica", escreveu o teólogo Hans Kung. Os bispos latino-americanos adotaram a "opção preferencial pelos pobres". Assim, os bispos renovaram o pacifismo radical do Evangelho que tinha sido posto de lado quando o imperador Constantino estabeleceu o cristianismo como a religião do Império Romano – "uma revolução" que, em menos de um século, transformou a Igreja perseguida numa "Igreja perseguidora", de acordo com Kung.

No renascimento pós-Vaticano II, os sacerdotes latino-americanos, freiras e leigos levaram a mensagem do Evangelho aos pobres e perseguidos, reuniram-nos em comunidades, e encorajaram-nos a tomar o destino nas suas próprias mãos. A reação a essa heresia foi a repressão violenta. No decurso do terror e do massacre, os praticantes da Teologia da Libertação foram o alvo principal. Entre eles estão os seis mártires da Igreja, cuja execução há 20 anos é agora comemorada com um silêncio retumbante, praticamente não quebrado.

No mês passado, em Berlim, os três presidentes mais envolvidos na queda do Muro – George H. W. Bush, Mikhail Gorbachev e Helmut Kohl – discutiram quem merece crédito.

"Eu sei agora como o céu nos ajudou", disse Kohl. George H. W. Bush elogiou o povo da Alemanha Oriental, que "por muito tempo foi privado dos seus direitos dados por Deus". Gorbachev sugeriu que os Estados Unidos precisam da sua própria Perestroika.

Não existem dúvidas sobre a responsabilidade pela demolição da tentativa de reavivar a igreja do Evangelho na América Latina durante a década de 1980. A Escola das Américas (desde então renomeada Instituto do Hemisfério Ocidental para Cooperação de Segurança) em Fort Benning, na Geórgia, que treina oficiais latino-americanos, anuncia orgulhosamente que o Exército dos EUA ajudou a "derrotar a teologia da libertação" – assistida, com certeza, pelo Vaticano, utilizando a mão suave da expulsão e da supressão.

A sinistra campanha para reverter a heresia posta em movimento pelo Concílio Vaticano II recebeu uma incomparável expressão literária na parábola do Grande Inquisidor em Os Irmãos Karamazov de Dostoievski.

Nessa história, situada em Sevilha no "momento mais terrível da Inquisição", Jesus Cristo aparece subitamente nas ruas, "de mansinho, sem ser observado, e contudo, por estranho que pareça, toda a gente o reconheceu" e foi "irresistivelmente atraída para ele".

O Grande Inquisidor ordena aos guardas: "prendam-no e levem-no" para a prisão. Lá, ele acusa Cristo de vir "prejudicar-nos" na grande obra de destruir as idéias subversivas de liberdade e comunidade. Nós não Te seguimos, o Inquisidor admoesta Jesus, mas sim a Roma e à "espada de César". Procuramos ser os únicos governantes da Terra para que possamos ensinar à "fraca e vil" multidão que "só será livre quando renunciar à sua liberdade para nós e se submeter a nós". Então, eles serão tímidos e assustados e felizes.

Assim, amanhã, diz o inquisidor: "Devo queimar-te". Por fim, no entanto, o Inquisidor abranda a pena e liberta-o "nos becos escuros da cidade".

Os alunos da Escola das Américas não praticaram tal misericórdia.
[grifos do blog]

Leonardo Boff


Duas visões de mundo se confrontam em Copenhague

Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor.
Fonte: Carta Maior


Em Copenhague nas discussões sobre as taxas de redução dos gases produtores de mudanças climáticas, duas visões de mundo se confrontam: a da maioria dos que estão fora da Assembléia, vindo de todas as partes do mundo e a dos poucos que estão dentro dela, representando os 192 estados. Estas visões diferentes são prenhes de conseqüências, significando, no seu termo, a garantia ou a destruição de um futuro comum.

Os que estão dentro, fundamentalmente, reafirmam o sistema atual de produção e de consumo mesmo sabendo que implica sacrificação da natureza e criação de desigualdades sociais. Crêem que com algumas regulações e controles a máquina pode continuar produzindo crescimento material e ganhos como ocorria antes da crise.

Mas importa denunciar que exatamente este sistema se constitui no principal causador do aquecimento global emitindo 40 bilhões de toneladas anuais de gases poluentes. Tanto o aquecimento global quanto as perturbações da natureza e a injustiça social mundial são tidas como externalidades, vale dizer, realidades não intencionadas e que por isso não entram na contabilidade geral dos estados e das empresas. Finalmente o que conta mesmo é o lucro e um PIB positivo.

Ocorre que estas externalidades se tornaram tão ameaçadoras que estão desestabilizando o sistema-Terra, mostrando a falência do modelo econômico neoliberal e expondo em grave risco o futuro da espécie humana.

Não passa pela cabeça dos representantes dos povos que a alternativa é a troca de modo de produção que implica uma relação de sinergia com a natureza. Reduzir apenas as emissões de carbono mas mantendo a mesma vontade de pilhagem dos recursos é como se colocássemos um pé no pescoço de alguém e lhe dissésemos: quero sua liberdade mas à condição de continuar com o meu pé em seu pescoço.

Precisamos impugnar a filosofia subjacente a esta cosmovisão. Ela desconhece os limites da Terra, afirma que o ser humano é essencialmente egoista e que por isso não pode ser mudado e que pode dispor da natureza como quiser, que a competição é natural e que pela seleção natural os fracos são engolidos pelos mais fortes e que o mercado é o regulador de toda a vida econômica e social.

Em contraposição reafirmamos que o ser humano é essencialmente cooperativo porque é um ser social. Mas faz-se egoísta quando rompe com sua própria essência. Dando centralidade ao egoísmo, como o faz o sistema do capital, torna impossível uma sociedade de rosto humano. Um fato recente o mostra: em 50 anos os pobres receberam de ajuda dois trilhões de dólares enquanto os bancos em um ano receberam 18 trilhões. Não é a competição que constitui a dinâmica central do universo e da vida mas a cooperação de todos com todos. Depois que se descobriram os genes, as bactérias e os vírus, como principais fatores da evolução, não se pode mais sustentar a seleção natural como se fazia antes. Esta serviu de base para o darwinismo social. O mercado entregue à sua lógica interna, opõe todos contra todos e assim dilacera o tecido social. Postulamos uma sociedade com mercado mas não de mercado.

A outra visão dos representantes da sociedade civil mundial sustenta: a situação da Terra e da humanidade é tão grave que somente o princípio de cooperação e uma nova relação de sinergia e de respeito para com a natureza nos poderão salvar. Sem isso vamos para o abismo que cavamos.

Essa cooperação não é uma virtude qualquer. É aquela que outrora nos permitiu deixar para trás o mundo animal e inaugurar o mundo humano. Somos essencialmente seres cooperativos e solidários sem o que nos entredevoramos. Por isso a economia deve dar lugar à ecologia. Ou fazemos esta virada ou Gaia poderá continuar sem nós.

A forma mais imediata de nos salvar é voltar à ética do cuidado, buscando o trabalho sem exploração, a produção sem contaminação, a competência sem arrogância e a solidariedade a partir dos mais fracos. Este é o grande salto que se impõe neste momento. A partir dele Terra e Humanidade podem entrar num acordo que salvará a ambos
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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Boaventura de Sousa Santos



A contra-revolução jurídica

Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).
Fonte: Carta Maior


Está em curso uma contra-revolução jurídica em vários países latino-americanos. É possível que o Brasil venha a ser um deles.

Entendo por contra-revolução jurídica uma forma de ativismo judiciário conservador que consiste em neutralizar, por via judicial, muito dos avanços democráticos que foram conquistados ao longo das duas últimas décadas pela via política, quase sempre a partir de novas Constituições.

Como o sistema judicial é reativo, é necessário que alguma entidade, individual ou coletiva, decida mobilizá-lo. E assim tem vindo a acontecer porque consideram, não sem razão, que o Poder Judiciário tende a ser conservador. Essa mobilização pressupõe a existência de um sistema judicial com perfil técnico-burocrático, capaz de zelar pela sua independência e aplicar a Justiça com alguma eficiência.

A contra-revolução jurídica não abrange todo o sistema judicial, sendo contrariada, quando possível, por setores progressistas.

Não é um movimento concertado, muito menos uma conspiração. É um entendimento tácito entre elites político-econômicas e judiciais, criado a partir de decisões judiciais concretas, em que as primeiras entendem ler sinais de que as segundas as encorajam a ser mais ativas, sinais que, por sua vez, colocam os setores judiciais progressistas em posição defensiva.

Cobre um vasto leque de temas que têm em comum referirem-se a conflitos individuais diretamente vinculados a conflitos coletivos sobre distribuição de poder e de recursos na sociedade, sobre concepções de democracia e visões de país e de identidade nacional.

Exige uma efetiva convergência entre elites, e não é claro que esteja plenamente consolidada no Brasil. Há apenas sinais, nalguns casos perturbadores, noutros que revelam que está tudo em aberto. Vejamos alguns.

Ações afirmativas no acesso à educação de negros e índios

Estão pendentes nos tribunais ações requerendo a anulação de políticas que visam garantir a educação superior a grupos sociais até agora dela excluídos.

Com o mesmo objetivo, está a ser pedida (nalguns casos, concedida) a anulação de turmas especiais para os filhos de assentados da reforma agrária (convênios entre universidades e Incra), de escolas itinerantes nos acampamentos do MST, de programas de educação indígena e de educação no campo.

Terras indígenas e quilombolas

A ratificação do território indígena da Raposa/Serra do Sol e a certificação dos territórios remanescentes de quilombos constituem atos políticos de justiça social e de justiça histórica de grande alcance. Inconformados, setores oligárquicos estão a conduzir, por meio dos seus braços políticos (DEM, bancada ruralista), uma vasta luta que inclui medidas legislativas e judiciais.

Quanto a estas últimas, podem ser citadas as "cautelas" para dificultar a ratificação de novas reservas e o pedido de súmula vinculante relativo aos "aldeamentos extintos", ambos a ferir de morte as pretensões dos índios guarani, e uma ação proposta no STF que busca restringir drasticamente o conceito de quilombo.

Criminalização do MST

Considerado um dos movimentos sociais mais importantes do continente, o MST tem vindo a ser alvo de tentativas judiciais no sentido de criminalizar as suas atividades e mesmo de dissolvê-lo, com o argumento de ser uma organização terrorista.

E, ao anúncio de alteração dos índices de produtividade para fins de reforma agrária, que ainda são baseados em censo de 1975, seguiu-se a criação de CPI específica para investigar as fontes de financiamento do movimento.

A anistia dos torturadores na ditadura

Está pendente no STF uma Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental proposta pela OAB requerendo que se interprete o artigo 1º da Lei da Anistia como inaplicável a crimes de tortura, assassinato e desaparecimento de corpos praticados por agentes da repressão contra opositores políticos durante o regime militar.

Essa questão tem diretamente a ver com o tipo de democracia que se pretende construir no Brasil: a decisão do STF pode dar a segurança de que a democracia é para defender a todo custo ou, pelo contrário, trivializar a tortura e execuções extrajudiciais que continuam a ser exercidas contra as populações pobres e também a atingir advogados populares e de movimentos sociais.

Há bons argumentos de direito ordinário, constitucional e internacional para bloquear a contra-revolução jurídica. Mas os democratas brasileiros e os movimentos sociais também sabem que o cemitério judicial está juncado de bons argumentos.

Liszt Vieira


O Caso Battisti e a politização do Judiciário


O governo Berlusconi silenciou quando, muito recentemente, o Presidente francês Sarkozy negou-se a extraditar Marina Petrella, ex-militante das Brigadas Vermelhas. No caso Battisti, exigiu a extradição como se o Brasil fosse uma republiqueta sulamericana. Liszt Vieira é antigo exilado político, Professor da PUC-Rio, atualmente Presidente do Jardim Botânico.
Fonte: Carta Maior



Enquanto Cesare Battisti esteve exilado na França, o governo italiano não ousou pedir sua extradição. Bastou ser detido no Brasil para o governo Berlusconi exigir a extradição, como se o Brasil fosse uma republiqueta sul-americana. Lembremos que o governo Berlusconi silenciou quando, muito recentemente, o Presidente francês Sarkozy negou-se a extraditar Marina Petrella, ex-militante das Brigadas Vermelhas.

As ações atribuídas a Battisti pela delação premiada de um prisioneiro – não há provas além da testemunhal – configuram crime político, anistiável pela lei brasileira, e já prescrito. A pressão do governo italiano, por si só, já mostra que o caso é político, por mais que o chamem de terrorista. Durante a ditadura militar, os exilados brasileiros também foram chamados de terroristas sanguinários.

Em qualquer país civilizado, questões de política internacional, inclusive conceder ou não asilo político, são da alçada do poder Executivo e não do poder Judiciário. No Brasil, o Supremo Tribunal Federal entendeu que devia antes examinar se havia ou não pressupostos legais para uma possível extradição. Na realidade, parte do STF tentou negar o fundamento da decisão do Ministro da Justiça que concedera refúgio a Battisti, interrompendo, assim, o processo de extradição.

Sem entrar no mérito da distinção técnica entre refúgio e asilo, é importante assinalar que o fato de existir tratado de extradição entre a Itália e o Brasil obriga o governo brasileiro a examinar o pedido de extradição, mas não necessariamente a concedê-la.

O STF concluiu que não havia impedimento legal para uma eventual extradição que, entretanto, só poderia ser decidida pelo Poder Executivo.

Daí a decisão da maioria na segunda votação, que causou celeuma e certa incompreensão, apesar de existir precedentes no próprio STF em relação à extradição de um israelense acusado de maltratar crianças. Naquela ocasião, conforme esclareceu o ministro Ayres Britto, o Supremo Tribunal entendeu que caberia ao presidente da República a decisão final.

Preocupante, na verdade, foi o voto vencido de que o STF poderia decidir a extradição, usurpando prerrogativa constitucional do Executivo. Já são numerosos, no Brasil, os casos de judicialização da política. A parte vencida do Supremo Tribunal queria avançar ainda mais, na direção do que seria um caso flagrante de politização do Judiciário.

Prevaleceu o bom senso e o respeito à Constituição. Cabe ao presidente da República, legitimamente eleito, a decisão de conceder ou não o asilo político. Isso é o que está na Constituição. O resto são lamentações de fundo político ou ideológico.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Temendo ''efeito Twitter'', regime bloqueia web


O governo chinês suspendeu a internet em Xinjiang, bloqueou o acesso ao Twitter em todo a China e mobilizou seu Exército de censores para apagar fotos, vídeos e informações independentes enviadas por celulares ou computadores dos que conseguiram escapar do controle oficial em Urumqi. A reportagem é de Cláudia Trevisan e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 06-07-2009.
Fonte: UNISINOS

Depois que as redes de relacionamento online desempenharam papel fundamental nos protestos contra as eleições no Irã, no mês passado, Pequim agiu para tentar evitar a propagação de informações e o uso da web como instrumento de mobilização. Celulares e mensagens de texto também tiveram seu funcionamento interrompido na capital de Xinjiang.

Várias pessoas que presenciaram os protestos conseguiram divulgar fotos e vídeos na internet, mas as imagens eram rapidamente excluídas pelos censores. As que foram parar no YouTube podiam ser vistas fora da China, mas não dentro do país, onde o site está bloqueado há mais de dois meses. Buscas na internet com a palavra "Urumqi" resultavam na mensagem padrão quando o assunto é proibido: "Nos termos das leis e políticas aplicáveis, parte do resultado da busca não é exibido."

Facebook e Youtube fazem bem para a memória. Mas o Twitter não


YouTube e Twitter fazem mal à mente. Facebook, pelo contrário, não. No entanto, ajuda a melhorar as capacidades mnemônicas. A afirmação, muito drástica, é da doutora Tracy Alloway, psicóloga da Stirling University, com sede na homônima cidade escocesa. A reportagem é de Jaime D'Alessandro, publicada no jornal La Repubblica, 08-09-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Fonte: UNISINOS



A sua última pesquisa, que se tornou conhecida nestes dias no British Science Festival em Guildford, logo fez com que se falasse dela em toda a Internet. Porque Alloway defende, sem meios termos, que não depende do tipo de uso que as pessoas fazem do YouTube ou do Twitter, pois ambos são prejudiciais em seu conjunto. Particularmente o segundo, porque, com todas aquelas atualizações enviadas pelos usuários continuamente, compostos por poucas frases, ele não permite que se elabore adequadamente as informações. O que teria um péssimo efeito na nossa memória, ou melhor, na memória de curto prazo, a chamada "working memory". Conceito recente da psicologia cognitivista, que começou a distinguir entre a memória que adotamos para tratar temporariamente as informações e elaborá-las e aquela em que são arquivadas.

Por isso, desse ponto de vista, o Facebook é salutar, porque permite que se interaja em formas menos frenéticas e sincopadas, assim como os videogames de estratégia, como "Total War". O Twitter, ao invés, fundado em 2006 por Jack Dorsey, 33 anos, nascido em St. Louis, emburrece. O que não irá agradar os seus 45 milhões de usuários.

"Na realidade, é difícil fazer distinções tão claras", explica Francesco Antinucci, diretor da seção Processos Cognitivos e Novas Tecnologias do Instituto de Psicologia do CNR [Conselho Nacional de Pesquisas], que publicou justamente nestes dias um novo livro intitulado "L'Algoritmo al Potere" [O algoritmo no poder]. Livro que, coincidentemente, também fala, dentre outras coisas, do YouTube.

"Certamente, os videogames e tudo o que é jogo, pouco importa se presentes no Facebook ou em outros lugares, são uma forma de aprendizagem", continua Antinucci. "Porém, é preciso ver se o que se aprende é estupidez ou não. Além disso, as redes sociais já são estruturas complexas, e a sua função mudou com o tempo, transformando-se nas mãos das pessoas, às vezes inesperadamente. Não estou falando tanto do fato de que Mark Zuckerberg, em 2004, quando deu vida ao Facebook, não esperava que, em cinco anos, a sua rede alcançaria o número de 240 milhões de usuários. Mas que ele não podia saber que as pessoas utilizariam-na de maneiras tão diversas".

Enfim, todas as realidades da Internet levadas a exame por Alloway seriam ecossistemas em evolução que se adaptam como se fossem espécies animais. E então é de se perguntar em qual momento fizeram mal ou bem e, principalmente, a quem. O que se sabe é que a psicóloga escocesa realizou testes nos últimos meses com adolescentes e pré-adolescentes de Durham, nordeste da Inglaterra, entre os 11 e os 14 anos. Todos com dificuldade de aprendizagem. E se o Twitter, por um lado, agravou a situação, outros instrumentos digitais que compreendem não apenas os videogames de estratégia, mas também o Sudoku [quebra-cabeça baseado na colocação lógica de números], fizeram com que os quocientes intelectivos dos jovens crescessem em 10 pontos.

Um resultado confirmado também por outras pesquisas realizadas no passado. Mas, obviamente, nem todos estão de acordo. Existem muitos outros que defendem o oposto, chegando até a indicar os jogos eletrônicos e a Web como uma das principais causas da agressividade dos adolescentes. Talvez porque, como escreveu Christopher J. Ferguson, pesquisador da Texas A&M International University, em um livro sobre artigos relacionados aos efeitos das mídias digitais, são campos onde os preconceitos dominam em um sentido ou em outro. Reflexo daquela desconfiança geracional própria também do mundo acadêmico que surge quando se fala de tecnologia.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Entrevista - Chico de Oliveira


Não há nada importante em disputa para 2010, apenas o poder

O paradoxo é que o governo do PT realizou e radicalizou o programa tucano. Salvo algumas perfumarias na área social e na política diplomática externa, muito mais arejada, não tem muita diferença”. A afirmação é do sociólogo Francisco de Oliveira em entrevista para o Correio da Cidadania, 08-12-2009.


Como analisa o quadro político brasileiro com 2009 chegando ao final e na perspectiva de um ano eleitoral pela frente?

Vejo de forma bastante simples na verdade. O quadro já está desenhado, não vai mudar, salvo se o ‘vampiro medroso’ de fato não concorrer, o que não é de se esperar. É uma disputa eleitoral PT-SPDB. Mas só eleitoral, não haverá nada em jogo. Coisas decisivas, o ponto de vista da economia e da sociedade, não estão nem um pouco em jogo. É por isso que a política tem ficado nessas firulas, ataques, artigo de César Benjamin... Porque realmente não tem nada importante em disputa, apenas o poder, este sempre importante.

O que a oposição de direita deve vir a fazer para tentar virar um jogo que se apresenta desfavorável a eles? Acredita que os escândalos e baixarias serão a estratégia explorada?

É essa a alternativa, pois ela não tem programa alternativo. O paradoxo é que o governo do PT realizou e radicalizou o programa tucano. Salvo algumas perfumarias na área social e na política diplomática externa, muito mais arejada, não tem muita diferença. Dessa forma, os tucanos não podem atacar a própria criatura, restando a baixaria. Mas está muito difícil, porque o senador Azeredo teve sua denúncia aceita pelo STF e agora Arrudão jogou a pá de cal. Mas o embate vai se desenrolar por esse caminho mesmo, já que no mais eles estão todos de acordo.

Como se encaminha o governo Lula para as disputas de 2010? Acredita que suas bases de sustentação se manterão firmes?

Não, isso ainda não está garantido. Não existe na experiência da história política brasileira nenhuma transferência de votos desse porte. É verdade que a redemocratização ainda é curta, apenas 20 anos, mas, numa experiência anterior, Juscelino, no auge de sua popularidade, não conseguiu eleger seu sucessor. Não há nada garantido, Dilma não pode ter a certeza da transferência de votos de Lula, ainda que se use a máquina do Estado o quanto puder. Principalmente se os tucanos acordarem e se conscientizarem de que, marchando desunidos como quinta coluna do Aécio, serão derrotados; marchando unidos, têm uma chance alta de derrotar o Lula.

Alta?

Alta, pois os colégios eleitorais de São Paulo e Minas Gerais engolem o resto do Brasil.

No fundo, podemos considerar que dá na mesma PT ou PSDB no governo, ou poderia haver uma diferença, mesmo que sutil?

É difícil responder a essa pergunta, porque para os pobres evidentemente faz diferença o Bolsa Família, embora eu não goste do programa. Mas não posso negar que quem tem fome precisa comer. E também tem uma política externa através da diplomacia que é importante para outros países da região, como Venezuela, Bolívia, Equador, que têm tentado vias democráticas muito particulares. Para eles, o Brasil é uma garantia, seria importante manter e até ampliá-las. Há alguma diferença; no entanto, no marco mais geral, ela é menor.

Como enxerga a possibilidade da candidatura Marina? Servirá para arejar ou para distrair, sem incomodar o viciado jogo institucional?

Eu acho que ela não vai ter essa votação toda. Quando chegar a reta final e os ânimos estiverem exacerbados, a candidatura da Marina vai murchar, porque os eleitores sabem que ela não é a alternativa. Não tem força para se colocar como tal. Esse discurso verde não pega muito. Ela é muito simpática e ecologista, mas isso não faz um presidente. Tenho a impressão de que, quando chegar a reta final, ela perderá espaço.

Algum partido de esquerda pode ser alternativa no debate?

No debate sim, mas como alternativa real não há nenhum partido de esquerda. Nem PSOL, nem PCB, nem PSTU... Minha própria posição é de que esses três partidos de esquerda deveriam formar uma frente e reproduzi-la, a fim fazer uma crítica e reapresentar o programa do socialismo à cidadania brasileira. Trata-se de reapresentar para fazer uma crítica rigorosa, aproveitando o momento eleitoral para isso, mas sem nenhuma chance real de chegar ao governo. Aliás, é bom que Deus nos proteja, porque, se chega a governar um país como esse sem bases políticas reais, não demora um mês no poder.

E a polêmica interna ao PSOL acerca de se lançar candidatura própria ou se aliar a Marina, como enxerga?

Creio ser oportunismo do ponto de vista de quem não quer ter candidatura própria. Em primeiro, porque pensam que a Marina terá um alto desempenho, a exemplo da Heloisa Helena em 2006. Não vai. A impressão que tenho é de que a Marina vai murchar e a Heloisa não vai trocar uma cadeira certa no Senado pela incerteza. Vejo isso, portanto, como oportunismo e falta de visão estratégica. Em segundo lugar, porque apresentar uma candidatura própria não tira os votos que eleitores do PSOL vão direcionar para eleger deputados com os quais eles já contam. Acho isso uma aventura irresponsável e miopia política.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Immanuel Wallerstein


O retorno da direita latino-americana


"Algo estranho está acontecendo na América Latina. As forças de direita na região estão dispostas de tal forma que podem se desempenhar melhor durante a presidência de Barack Obama do que durante os oito anos de George W. Bush." Essa é a opinião do sociólogo norte-americano Immanuel Wallerstein, em artigo para o jornal Página/12, 02-12-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Fonte: UNISINOS

Algo estranho está acontecendo na América Latina. As forças de direita na região estão dispostas de tal forma que podem se desempenhar melhor durante a presidência de Barack Obama do que durante os oito anos de George W. Bush. Este liderava um regime de extrema direita que não tinha nenhuma simpatia pelas forças populares na América Latina. Pelo contrário, Obama lidera um regime centrista que tenta replicar a "política da boa vizinhança" que Franklin Roosevelt proclamou como forma de anunciar o fim da intervenção militar direta dos Estados Unidos na América Latina.

Durante a presidência de Bush, a única tentativa séria de golpe de Estado com o respaldo dos Estados Unidos ocorreu em 2002 contra Hugo Chávez na Venezuela, e essa tentativa falhou. Foi seguida por uma série de eleições em toda a América Latina e no Caribe, onde os candidatos de centro-esquerda ganharam em quase todos os casos. A culminação foi uma reunião no Brasil em 2008 - na qual os Estados Unidos não foram convidados e na qual o presidente de Cuba, Raúl Castro, recebeu tratamento de herói virtual.

Desde que Obama assumiu a presidência, conseguiu-se perpetrar um golpe de Estado: em Honduras. Apesar da condenação que o presidente expressou, a política norte-americana foi ambígua, e os líderes do golpe ganharam sua aposta de se manter no poder até as próximas eleições para presidente. Há apenas pouco tempo, no Paraguai, o presidente católico de esquerda Fernando Lugo pôde evitar um golpe militar. Mas seu vice-presidente, Federico Franco, de direita, está manobrando para obter de um Parlamento nacional hostil a Lugo um golpe de Estado que assuma a forma de um enjuizamento. E os dentes militares se afima em uma série de outros países.

Para entender essa aparente anomalia devemos olhar a política interna dos Estados Unidos e como ela afeta sua política exterior. O Partido Democrata é a mesma coalizão ampla que sempre foi, mas o Partido Republicano se moveu mais para a direita. Isso significa que os republicanos têm uma base menor. O lógico seria que isso significaria muitos problemas eleitorais. Mas, como estamos vendo, isso não funciona exatamente desse modo.

As forças da extrema direita que dominam o Partido Republicano estão muito motivadas e são muito agressivas. Buscam purgar todos e cada um dos políticos republicanos que considerem muito "moderados" e tentam forçar os republicanos no Congresso a uma atitude negativa uniforme para com todas e cada um das coisas que o Partido Democrata, e particularmente o presidente Obama, propuser. Os acertos políticos de compromisso já não são visto como politicamente desejáveis. Pelo contrário. Os republicanos são pressionados para marchar no ritmo de um único tamboreiro.

Entretanto, o Partido Democrata age como sempre agiu. Sua ampla coalizão vai da esquerda para uma certa direita do centro. Os democratas no Congresso investem quase toda a sua energia política na negociação entre uns e outros. Isso implica no fato de que é muito difícil aprovar legislações significativas, como vemos atualmente com a tentativa de reformar as estruturas de saúde norte-americanas.

Então, o que isso significa para a América Latina (e de fato para outras parte do mundo)? Obama tem uma base diversa e uma agenda ambígua. Sua postura pública balança entre uma firme posição centrista e gestos moderados de centro-esquerda. Isso torna sua posição política essencialmente frágil. Obama desilude os eleitores de esquerda, e a realidade de uma depressão mundial faz com que alguns de seus eleitores centristas se afastem dele por medo a uma dívida nacional crescente.

Para Obama, da mesma forma que para Bush, a América Latina não está no topo das prioridades. Ele está muito preocupado com as eleições de 2010 e 2012. E isso não é algo insensato. O que a direita latino-americana faz é tirar vantagem das dificuldades políticas internas de Obama para pressioná-lo. Dão-se conta de que ele não conta com a energia política disponível para freá-los. Além disso, a situação econômica mundial tende a redundar contra os regimes no poder. E na América Latina de hoje são os partidos de centro-esquerda os que estão no poder. Se Obama conseguir triunfos políticos importantes nos próximos dois anos, isso frearia, de fato, o retorno da direita latino-americana. Mas ele irá conseguir esses triunfos?


Luís Fernando Verissimo


Para voltar a crer


Artigo de Luís Fernando Verissimo publicado no jornal Zero Hora, 03-12-2009.
Fonte: UNISINOS

Não faltam motivos para descrer da humanidade. Vamos combinar que fizemos coisas extraordinárias, mas nossa passagem pela Terra não está sendo, exatamente, um sucesso. Para cada catedral erguida bombardeamos três, para cada civilização vicejante liquidamos quatro, a cada gesto de grandeza correspondem cinco ou seis de baixeza, para cada Gandhi produzimos sete tiranos, para cada Patrícia Pilar 17 energúmenos. Inventamos vacinas para salvar a vida de milhões ao mesmo tempo em que matamos outros milhões pelo contágio e a fome. Criamos telefones portáteis que funcionam como gravadores, computadores – e às vezes até telefones –, mas ainda temos problema com a coriza nasal. Nosso dia a dia é cheio de pequenas calhordices, dos outros e nossas. Rareiam as razões para confiar no vizinho ao nosso lado, o que dirá do político lá longe, cuja verdadeira natureza muitas vezes só vamos conhecer pela câmera escondida. Somos decididamente uma espécie inconfiável, além de venal, traiçoeira e mesquinha. E estamos envenenando o planeta, num suicídio lento do qual ninguém escapará. E tudo isso sem falar no racismo, no terrorismo e no Big Brother Brasil.

Eu tinha desistido de esperar pela nossa regeneração. Ela não viria pela religião, que se transformou em apenas outro ramo de negócios. Nem viria pela revolução, mesmo que se pagasse para o povo ocupar as barricadas. Eu achava que a espécie não tinha jeito, não tinha volta, não tinha salvação. Meu desencanto era total. Só o abandonaria diante de alguma prova irrefutável de altruísmo e caráter que redimisse a humanidade. Uma prova de tal tamanho e tal significado, que anularia meu ceticismo terminal e restauraria minha esperança no futuro. E esta prova virá neste domingo, se o Grêmio derrotar o Flamengo no Maracanã.

Se o Grêmio derrotar o Flamengo, o Internacional pode ser campeão. Mas o mais importante não é isso. Se o Grêmio derrotar o Flamengo mesmo sabendo as consequências e o possível benefício para o arquiadversário, estará dando um exemplo inigualável de superioridade moral. A volta da minha fé na humanidade não interessa, Grêmio. Pense no que dirá a História. Pense nas futuras gerações!

Tadinho do Veríssimo!! A vitória do Flamengo já está escrita nas estrelas!! 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Antonio Leandro da Silva.


DEMOS um basta aos corruptos desse país


Antonio Leandro da Silva é doutorando PUC-SP, Frei Franciscano, Cientista Social. Para ler mais artigos do Frei Leandro, clicar no Supera Piauí 


A sociedade brasileira vem, nos últimos dias, acompanhando uma avalanche de escândalos de corrupção, envolvendo o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, deputados da base governamental, empresários, assessores, secretários. Uma quadrilha que assaltava os cofres públicos.

A corrupção no país chegou a um nível tal que deve ser abominada e execrada por nós, cidadãos comuns. Diante dessa vergonhosa máfia, nós, enquanto sociedade, temos que nos manifestar através de atos públicos e manifestações de denúncias ao descalabro moral a que chegamos nesse país. Pois nunca como antes ocorreram tantos atos de corrupções em suas esferas públicas. Através de e-mails, conclamamos homens e mulheres para que enviemos mensagens ao Supremo Federal de Justiça e a OAB, repudiando tais procedimentos antiéticos, bem como solicitando o afastamento, imediato, dos envolvidos nas ações fraudulentas e que os obriguem a ressarcir o dinheiro que assaltaram dos cofres públicos.

Ruiu a aparência de eticidade que vinha sendo alardeada pelos líderes políticos do Partido Democratas, PPS e PSDB. Eles, mais uma vez, mostram que de ética não tinham e nem têm nada. O descalabro moral rondava também esses partidos fisiológicos e aproveitadores da coisa pública.

Nós, cidadãos brasileiros, não podemos permanecer passivos frente a tais corrupções e imoralismos com o uso dos nossos impostos. Ora, se não elegemos assaltantes, não queremos ser lesados em nossos direitos sociais. Não queremos assistir pelas câmaras das TVs mafiosos, escondendo milhões em dinheiros em suas cuecas, bolsas e sacos. Nossos impostos deverão ser aplicados em melhoria de escolas, hospitais, creches, áreas de lazer para os jovens, emprego etc. e na formação de profissionais competentes e responsáveis com a coisa pública.

Basta de tanta roubalheira! Basta de tanta injustiça nesse país! Basta de tanta corrupção aos cofres públicos!

Levantemos nossas cabeças e voltemos às ruas, para dizer aos ladrões de colarinho branco que estamos acompanhando, indignadamente, suas atitudes de políticos profissionais em assalto, roubo e apropriação dos bens públicos.

São Paulo, 01 de dezembro de 2009.

Projeto Excelências


Clique na imagem e leia as crônicas do professor Fonseca Neto no portal Acessepiauí

Este é um espaço para crítica social, destinado a contribuir para a transformação do Estado do Piauí (Brasil).

Livro

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A autora, Grace Olsson, colheu dados e fotos sobre a situação das crianças refugiadas na África. Os recursos obtidos com a venda do livro possibilitará a continuação do trabalho da Grace com crianças africanas. Mais informações pelo e-mail: graceolsson@editoranovitas.com.br

Frei Tito memorial on-line

Frei Tito memorial on-line
O Memorial Virtual Frei Tito é um espaço dedicado a um dos maiores símbolos da luta pelos direitos humanos e pela democracia na América Latina e Caribe. Cearense, filho, irmão, frade, ativista, preso político, torturado, exilado, mártir... Conhecer a história de Frei Tito é fundamental para entender as lutas políticas e sociais travadas nos últimos 40 anos contra a tirania de regimes ditatoriais. Neste hotsite colocamos à disposição documentos, fotos, testemunhos, textos e outras informações sobre a vida de Tito de Alencar Lima, frade dominicano que colaborou com a luta armada durante a ditadura militar no Brasil.

Campanha Nacional de Solidariedade às Bibliotecas do MST

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Os trabalhadores e trabalhadoras rurais de diversos Estados do Brasil ocupam mais um latifúndio: o do conhecimento. Dar continuidade às conquistas no campo da educação é o objetivo da Campanha Nacional de Solidariedade às Bibliotecas do MST, que pretende recolher livros para as bibliotecas dos Centros de Formação. Veja como participar clicando na figura.

Fórum Social Mundial

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O Fórum Social Mundial (FSM) é um espaço aberto de encontro – plural, diversificado, não-governamental e não-partidário –, que estimula de forma descentralizada o debate, a reflexão, a formulação de propostas, a troca de experiências e a articulação entre organizações e movimentos engajados em ações concretas, do nível local ao internacional, pela construção de um outro mundo, mais solidário, democrático e justo. Em 2009, o Fórum acontecerá entre os dias 27 de janeiro a 1° de fevereiro, em Bélem, Pará. Para saber mais, clicar na figura.

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Fórum Mundial de Teologia e Libertação
É um espaço de encontro para reflexão teológica tendo em vista contribuir para a construção de uma rede mundial de teologias contextuais marcadas por perspectivas de libertação, paz e justiça. O FMTL se reconhece como resultado do movimento ecumênico e do diálogo das diferentes teologias contemporâneas identificadas com processos de transformação da sociedade. Acontecerá entre os dias 21 a 25 de janeiro em Bélem, Pará, e discutirá o tema "Água - Terra - Teologia para outro Mundo possível". Mais informações, clicar na figura.

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O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) foi criado em 1981. O sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, é um dos fundadores da Instituição que não possui fins lucrativos e nem vinculação religiosa e partidária. Sua missão é de aprofundar a democracia, seguindo os princípios de igualdade, liberdade, participação cidadã, diversidade e solidariedade. Aposta na construção de uma cultura democrática de direitos, no fortalecimento do tecido associativo e no monitoramento e influência sobre políticas públicas. Para entrar no site do Ibase, clicar na figura.

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Foi lançado no circuito comercial o DVD do documentário "O longo amanhecer - cinebiografia de Celso Furtado", de José Mariani. Para saber mais, clicar na figura.

O malabarismo dos camaleões

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Estranha metamorfose: os economistas e jornalistas que defenderam, durante décadas, as supostas qualidades do mercado, agora camuflam suas posições. Ou — pior — viram a casaca e, para não perder terreno, fingem esquecer de tudo o que sempre disseram. Para ler, clicar na figura.

A opção pelo não-mercantil

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A expansão dos serviços públicos gratuitos pode ser uma grande saída, num momento de recessão generalizada e desemprego. Mas para tanto, é preciso vencer preconceitos, rever teorias e demonstrar que a economia não-mercantil não depende da produção capitalista. Para ler, clicar na figura.