Um novo manifesto intitulado “Ética Econômica Mundial – Consequências para os Negócios Globais”, promovido pela Fundação Ética Mundial, foi publicado durante um simpósio sobre ética nos negócios na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, no dia 06 de outubro. Desenvolvido pelo teólogo suíço-alemão Hans Küng, presidente da Fundação, o documento busca apresentar “uma visão fundamental comum do que é legítimo, justo e correto” nas atividades econômicas.
Os primeiros signatários do manifesto incluem a ex-presidente da Irlanda Mary Robinson; o professor Jeffrey Sachs, diretor do Earth Institute da Columbia University; o prêmio Nobel da Paz Desmond Tutu, arcebispo anglicano emérito da Cidade do Cabo, na África do Sul; e Michel Camdessus, presidente honorário do Banque de France.
Baseado na “Declaração de Ética Mundial” do Parlamento das Religiões Mundiais de 1993, o manifesto destaca cinco princípios e valores universalmente aceitáveis: o princípio de humanidade; o da não violência e do respeito à vida; o da justiça e solidariedade; o da honestidade e tolerância; e o da estima e colaboração mútuas.
Agora, o documento será disponibilizado para a coleta de assinaturas no mundo inteiro. Os signatários do manifesto se comprometem, dessa forma, a “ser guiados pelo seu conteúdo e por seu espírito nas decisões, ações e comportamentos econômicos cotidianos gerais”.
No simpósio, realizado pelo Pacto Global da ONU, pela Missão Suíça das Nações Unidas, a Fundação Ética Mundial e a Fundação Novartis para o Desenvolvimento Sustentável, surgiu um grande consenso de que a atual crise econômica e financeira mundial revela uma necessidade por uma base moral comum mais forte entre todos os atores do mercado globalizado.
"O pedido por um marco ético para os mercados financeiros globais e a economia mundial foi fortemente ouvido de muitos lados em todo o mundo desde o começo da atual crise", disse o professor Hans Küng. "Essa nova Declaração sobre uma Ética Econômica Mundial lembra todos os envolvidos nos negócios mundiais de suas responsabilidades individuais pela humanização do funcionamento da economia global: a globalização precisa de uma Ética Mundial".
"Toda capacidade das organizações para aderir a valores universais depende ultimamente da disposição dos indivíduos de adotar uma ética pessoal que guia sua própria tomada de decisões em todas as áreas da vida", afirmou Georg Kell, diretor-executivo do Pacto Global da ONU. "A Ética Econômica Mundial, introduzida pelo Dr. Küng, forja uma importante conexão entre a responsabilidade individual e organizacional".
"Nenhuma empresa age sozinha como uma instituição legal abstrata, mas sempre age por meio de diversas pessoas que trabalham em diferentes níveis da hierarquia", disse o professor Klaus Leisinger, diretor-executivo da Fundação Novartis. "Essa é a razão pela qual os sistemas sociais como as próprias empresas podem ser morais ou imorais apenas até um certo limite: a moralidade – ou a imoralidade – se introduz em um sistema social pelas pessoas, por seus valores e seu nível de integridade".
"O manifesto visa a um diálogo entre todos os interessados e, assim, se dirige a todos os grupos econômicos de interesse – proprietários, investidores, credores, empregados, sindicatos, consumidores e ONGs, apenas para citar alguns", disse o professor Josef Wieland, do Konstanz Institute for Values Management and Intercultural Communication. "Os difíceis desafios da globalização são um dilema compartilhado por todos os envolvidos".
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