por Francisco Alcides do Nascimento, historiador e professor do Departamento de Geografia e História/UFPI e do Mestrado em História do Brasil/UFPI Fonte: Jornal Diário do Povo/Teresina,Pi
Na última semana de janeiro a ADUFPI realizou eleições para o biênio 2010/2012. Os associados promoveram um acontecimento, aqui entendido como um objeto construído.Na construção das regras que regularam o pleito, os adversários agiram com muita perspicácia na montagem das estratégias: a diretoria atual manobrou para que as eleições ocorressem no período de férias coletivas. A definição da data do pleito foi confirmada em assembléia marcada para o dia 31 de dezembro, às 17 horas. Na assembléia anterior o partido opositor recorreu à Justiça do Trabalho e impediu que os professores decidissem sobre o calendário e constituição da comissão eleitoral do pleito. Tentou por todos os meios dificultar a organização dos trabalhos. Constituiu uma tropa de choque, com alguns "guerreiros" indicados para "bater".
A campanha propriamente dita percorreu uma trajetória vergonhosa para uma eleição de professores universitários. Penso que uma parcela dos professores, na qual me incluo, gostaria de saber o que os acusados vão fazer. Qual o caminho mais curto para que a comunidade piauiense saiba do desfecho das acusações? Cada acusado deve recorrer à Justiça, forçando o acusador a provar as acusações, não é assim que funciona? Essa medida é absolutamente necessária, mas é insuficiente. Como medida complementar é necessário que a ADUFPI veicule as notícias sobre o andamento dos processos abertos.
As práticas de campanhas desenvolvidas pela diretoria que encerrou o mandato e pela chapa derrotada em nada se distinguiram daquelas dos políticos tradicionais, muito especialmente daquelas feitas nos grotões do sertão. Lembram as campanhas eleitorais de um passado recente no Piauí onde um candidato mostrava uma chibata e dizia que era para ensinar o adversário; os adversários eram chamados de "bicha" como forma de afetá-los; o preconceito contra os comunistas chegava às raias do fascismo; as denúncias de desvios de recursos públicos eram empregadas de forma abusiva.
A eleição da ADUFPI, entretanto, deixou uma lição que deve ser avaliada de forma profunda: a truculência, o autoritarismo, o coronelismo disfarçado, não intimidaram uma parcela dos professores. Abortou uma tradição em construção: a da interferência da administração da UFPI na eleição dos dirigentes da associação. Os professores sinalizaram para os novos dirigentes o seguinte: queremos uma associação autônoma e transparente, queremos saber de que forma os recursos arrecadados são aplicados; queremos saber sobre os convênios firmados entre operadoras de telefonia, planos de saúde e outras coisas que não temos informações. Fazer isto é fácil e simples: editar boletim mensal na forma eletrônica e impressa com todas as informações financeiras e o enviar para cada professor associado; realizar assembléias convocadas em horários adequados à maioria da categoria etc.
Por fim, daqui a pouco, passados dois anos haverá outra eleição envolvendo os professores da UFPI. A pergunta que alguns deles fazem é: a campanha eleitoral terá o mesmo perfil desta que elegeu a diretoria da ADUFPI? É necessário lembrar que os professores da UFPI fazem parte de um conjunto de homens e mulheres que forma e informa jovens. Com a palavra, os professores.