Para Nobel de Economia, Joseph Stiglitz o sistema baseado no dólar está caindo aos pedaços e a crise vai abrir caminho para o surgimento de uma nova moeda internacional, com um banco central global. Segundo ele, o Brasil tem uma situação privilegiada em relação aos outros países para sair da crise. A reportagem é de Jair Rattner, e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 9-05-2009.
Fonte: UNISINOS
Joseph Stiglitz
Para o Nobel de Economia Joseph Stiglitz, o Brasil tem espaço de manobra na política monetária devido à política de juros altos realizada até agora. Falando nas Conferências do Estoril, que têm como tema a globalização, Stiglitz disse que o País está em condições de impulsionar o crescimento econômico com a queda dos juros.
"Uma grande vantagem que o Brasil tem, curiosamente, é que o Banco Central era excessivamente restritivo na política monetária. Uma das vantagens de ter altas taxas de juro é que você pode baixá-las", disse Stiglitz.
Ao contrário do Brasil, a Europa e os Estados Unidos não têm essa possibilidade: "Quando se chega ao zero, não se tem para onde ir. Portanto, o Brasil tem espaço de manobra na política monetária de uma forma que os Estados Unidos e a Europa não têm."
Segundo Stiglitz, o Brasil tem uma situação privilegiada em relação aos outros países porque pode utilizar as exportações como impulso para sair da crise. "O Brasil é um dos poucos casos em que a recuperação vai depender em algum grau da retomada das exportações. Mas o Brasil é uma economia de grandes dimensões e as exportações tem um peso relativo." Ele disse que, ao contrário das crises anteriores, a maior parte dos países não vai poder basear a saída da crise no aumento das exportações porque os mercados não estão comprando.
Stiglitz acredita que a crise vai abrir caminho para o surgimento de uma nova moeda internacional, com um banco central global. A proposta foi formulada pelas autoridades chinesas. "O sistema baseado no dólar está caindo aos pedaços. Sou o presidente da comissão das Nações Unidas para a reforma do sistema financeiro e estamos discutindo os mecanismos através dos quais isso pode acontecer." Para ele, a reunião do G-20 realizada em abril deveria ter discutido o assunto. "Não foi um dos pontos de discussão do G-20 e isso foi uma grande desilusão da reunião."
Ele explicou por que a proposta surgiu a partir da China. "Países que conseguiram acumular grandes quantidades de dólares enfrentam agora riscos enormes porque o valor do dólar pode cair. Portanto, há boas razões para a insegurança." Ele considera que a falta de uma nova moeda e de um sistema financeiro que a sustente pode atrasar a recuperação econômica devido à falta de confiança no dólar, resultado das dívidas dos EUA.
Para Stiglitz, a crise atual é uma derrota do pensamento de direita. Ele disse que a derrocada do mercado subprime e de derivativos foi a prova de que a ideia de que o mercado se regula sozinho provou que estava errada. Segundo Stiglitz, outra ideia conectada com a direita que não funcionou foi a do darwinismo econômico: "Eles acreditavam que havia uma seleção natural, que os mais aptos sobreviviam, não foi o que se viu entre os bancos americanos."
Fonte: UNISINOS
Joseph Stiglitz
Para o Nobel de Economia Joseph Stiglitz, o Brasil tem espaço de manobra na política monetária devido à política de juros altos realizada até agora. Falando nas Conferências do Estoril, que têm como tema a globalização, Stiglitz disse que o País está em condições de impulsionar o crescimento econômico com a queda dos juros.
"Uma grande vantagem que o Brasil tem, curiosamente, é que o Banco Central era excessivamente restritivo na política monetária. Uma das vantagens de ter altas taxas de juro é que você pode baixá-las", disse Stiglitz.
Ao contrário do Brasil, a Europa e os Estados Unidos não têm essa possibilidade: "Quando se chega ao zero, não se tem para onde ir. Portanto, o Brasil tem espaço de manobra na política monetária de uma forma que os Estados Unidos e a Europa não têm."
Segundo Stiglitz, o Brasil tem uma situação privilegiada em relação aos outros países porque pode utilizar as exportações como impulso para sair da crise. "O Brasil é um dos poucos casos em que a recuperação vai depender em algum grau da retomada das exportações. Mas o Brasil é uma economia de grandes dimensões e as exportações tem um peso relativo." Ele disse que, ao contrário das crises anteriores, a maior parte dos países não vai poder basear a saída da crise no aumento das exportações porque os mercados não estão comprando.
Stiglitz acredita que a crise vai abrir caminho para o surgimento de uma nova moeda internacional, com um banco central global. A proposta foi formulada pelas autoridades chinesas. "O sistema baseado no dólar está caindo aos pedaços. Sou o presidente da comissão das Nações Unidas para a reforma do sistema financeiro e estamos discutindo os mecanismos através dos quais isso pode acontecer." Para ele, a reunião do G-20 realizada em abril deveria ter discutido o assunto. "Não foi um dos pontos de discussão do G-20 e isso foi uma grande desilusão da reunião."
Ele explicou por que a proposta surgiu a partir da China. "Países que conseguiram acumular grandes quantidades de dólares enfrentam agora riscos enormes porque o valor do dólar pode cair. Portanto, há boas razões para a insegurança." Ele considera que a falta de uma nova moeda e de um sistema financeiro que a sustente pode atrasar a recuperação econômica devido à falta de confiança no dólar, resultado das dívidas dos EUA.
Para Stiglitz, a crise atual é uma derrota do pensamento de direita. Ele disse que a derrocada do mercado subprime e de derivativos foi a prova de que a ideia de que o mercado se regula sozinho provou que estava errada. Segundo Stiglitz, outra ideia conectada com a direita que não funcionou foi a do darwinismo econômico: "Eles acreditavam que havia uma seleção natural, que os mais aptos sobreviviam, não foi o que se viu entre os bancos americanos."