domingo, 4 de outubro de 2009

A fábrica de suicídios

A reportagem é de Giampiero Martinotti, publicada no jornal La Repubblica, 01-10-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Fonte: UNISINOS


O edifício de Saint-Denis, às portas da capital, onde 200 mil funcionários da operadora telefônica irão trabalhar a partir de janeiro, tornou-se assim um símbolo de uma empresa aterrorizada: janelas fechadas, terraços e passarelas inacessíveis, parapeitos elevados. O medo paralisa um pouco todos: nos últimos tempos, pôde-se ver um dirigente apunhalar-se diante de seus colegas durante uma reunião, uma jovem mulher se jogou da janela do seu escritório do quarto andar. E aqueles que, entre os suicidas, deixou alguma explicação acusou implacavelmente a France Télécom, os seus dirigentes e os seus métodos brutais.

A mensagem enviada por e-mail por Stéphanie, 32 anos, ao pai é terrível: "O meu chefe não sabe, obviamente, mas serei a 23ª funcionária a se suicidar. Não aceito a nova reorganização do serviço. Vou mudar de chefe e, para passar por aquilo que eu vou passar, prefiro morrer. Deixo no escritório a bolsa com as chaves e o celular. Levo comigo a minha carta de doadora de órgãos, nunca se sabe. Não gostaria que tu recebesse uma mensagem desse gênero, mas estou mais do que perdida. Quero-te bem, papai". Poucos minutos depois, a jovem se jogou da janela do seu escritório.

Na segunda-feira, 28, em Annecy, um outro funcionário se jogou de cima de um viaduto. Na carta à mulher, disse-se desesperado por causa das condições de trabalho. Lombard, ao assumir o posto, teve que enfrentar a cólera de 300 funcionários.

A France Télécom decidiu impedir a mobilidade interna dos funcionários, considerada uma das raízes do estresse. Mas trata-se só de um elemento. Um livro recém publicado ("Orange stressé", de Ivan du Roy, que se refere à marca comercial da sociedade e brinca com a sonoridade de laranja espremida) aponta o dedo contra os métodos que têm um só objetivo: amedrontar as pessoas para estimulá-las a ir embora. Nesta quarta-feira, Louis-Pierre Wenes, o número dois do grupo, o homem encarregado de cortar os custos, estava sob fogo cruzado: "Uma vez ele nos disse: submissão ou demissão", conta um sindicalista.

Porém, o mal-estar vai além dos métodos de um homem. A France Télécom passou do mundo protegido de uma sociedade pública monopolista à de uma empresa obrigada a enfrentar um dos setores de maior concorrência hoje. A transição era objetivamente difícil, e nenhum dos dirigentes dos últimos 12 anos soube olhar para além do vermelho e do preto das contas. Os resultados estão debaixo dos olhos de todos, com o medo de que a longa lista dos suicídios possa aumentar ainda mais.


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