domingo, 16 de agosto de 2009

Horacio Verbitsky e Eduardo de la Serna

Na quinta-feira, dia 06 de agosto, a Igreja católica da Argentina divulgou uma mensagem de Roma: anunciou que o Papa Bento XVI havia convocado a Argentina para acabar com o “escândalo da pobreza”. A convocação se refere à Coleta Mais por Menos, coordenada pela Igreja argentina todos os anos e que neste ano será feita em setembro. Mas os fac-símiles mostram que, na publicação oficial da Coleta católica, a mensagem do Papa data de maio, o que foi omitido na página da internet do Episcopado. Assim, ela foi anunciada como se acabasse de chegar. Na mensagem, o Papa anima “os cristãos e aqueles que dela [da coleta] participarem a um esforço solidário capaz de contribuir para a redução do escândalo da pobreza e da iniquidade social dando assim cumprimento às exigências evangélicas que exortam a tornar possível uma sociedade mais justa e solidária”. A mensagem do Pontífice é assinada pelo Núncio Apostólico, Adriano Bernardini, em “Buenos Aires, maio de 2009”. Na sexta-feira, dia 07, com a mensagem sendo assunto em toda a mídia, o cardeal Jorge Bergoglio reiterou o caráter da mensagem em uma missa na Igreja de São Caetano. Horacio Verbitsky analisa a escolha da data para a divulgação do comunicado de Bento XVI.



Pobres os pobres.


“A pobreza era um escândalo na época e o é ainda hoje. Por mais que oscilem os seus números, trata-se de muitas pessoas que sofrem e não há nada mais importante que aliviar o seu sofrimento, com socorros emergenciais, mas também modificando as condições estruturais que produzem a pobreza”, escreve Horacio Verbitsky em artigo que está publicado no jornal argentino Página/12, 10-08-2009. A tradução é do Cepat.
Fonte: UNISINOS



Em 2001, a Frente Nacional Contra a Pobreza (Frenapo) acorreu ao imponente petit hôtel da Conferência Episcopal. O Estado o adquiriu como residência presidencial alternativa para Roberto M. Ortiz, que nunca o ocupou, e Jorge Rafael Videla presenteou-o à Igreja Católica como reconhecimento a tantas atenções. Na cordial reunião com a Comissão Executiva, Víctor De Gennaro foi alvo de afetuosas brincadeiras de um bispo do qual havia sido coroinha. Adolfo Pérez Esquivel não omitiu uma referência à conduta episcopal durante a ditadura e eu padeci a curiosidade geral, como se emanasse enxofre. Quando terminaram os mimos e pedimos autorização para colocar urnas nas igrejas para a consulta que a FRENAPO havia organizado a favor de um Seguro de Emprego e Formação, a resposta foi negativa. As 20.598 mesas localizadas em 535 localidades do país poderiam ser colocadas em todos os lugares, menos nas igrejas.

Mais de três milhões de pessoas votaram a favor dessa resposta política à pobreza. O Episcopado estava ocupado com o Diálogo Argentino, um dos instrumentos oferecidos por Duhalde e Alfonsín para dar o último empurrão ao horroroso governo da Aliança. A desvalorização da moeda, que era o seu objeto de fundo, foi a maior fábrica de pobres da história argentina.

A pobreza era um escândalo na época e o é ainda hoje. Por mais que oscilem os seus números, trata-se de muitas pessoas que sofrem e não há nada mais importante que aliviar o seu sofrimento, com socorros emergenciais, mas também modificando as condições estruturais que produzem a pobreza. A legitimidade dos protestos é impecável e isso torna repugnante somar ao escândalo da pobreza o de sua manipulação.

O Governo cometeu neste assunto graves erros e está pagando por eles. A partir de 2006, quando os salários recuperaram o seu nível anterior à crise de 2001, sua política de recuperação de renda para os setores populares emperrou num funil. Os oligopólios que controlam a economia decidiram que já bastava e responderam com aumentos de preços que desencadearam um processo inflacionário. A resposta governamental foi negociar acordos que os mais poderosos nunca cumpriram, como provam seus saudáveis balanços, e aplicar cirurgia redutiva nos índices. Isto demoliu a credibilidade da palavra oficial sobre quase todos os temas e não está certo que os esforços da presidente Cristina Kirchner sejam capazes de reverter essa situação. Por isso, tornou-se vulnerável a este tipo de operações, que não se privam nem sequer do grotesco da Sociedade Rural, que está propondo um programa contra a pobreza.

No Clarín deste domingo, dia 9, um porta-voz oficial do Episcopado afirma que, “em sua paranóia”, um funcionário descobriu que a mensagem papal “datava de maio e foi desengavetada pelo Núncio Apostólico, Adriano Bernardini”. As reproduções desta página não deixam lugar a dúvidas: as palavras de Bento XVI foram transmitidas por seu representante em maio de 2009 e assim consta na publicação oficial da Coleta Mais por Menos. Mas essa data foi suprimida na página na internet oficial do Episcopado, onde, ao contrário, consta a data de 06 de agosto, como se acabasse de ser emitida. Por que isso terá acontecido?

Pródigo em metáforas, o porta-voz da Conferência Episcopal celebrou que as palavras do Papa “caíram como uma bomba no governo, fragilizado pela derrota eleitoral”. A frase sobre a pobreza foi manchete de capa dos principais jornais na sexta-feira, dia 07. Nessa manhã, o líder populista conservador da Conferência Episcopal tinha na agenda uma missa na Igreja de São Caetano. O cardeal Bergoglio sabe fazer dessa liturgia um ato político. Acompanhado por violões pós-conciliares, trata Jesus com intimidade, dialoga com os fiéis, sorri, interroga-os até que respondem em coro. Eu estou com o povo e o governo lhe dá as costas, é a mensagem subliminar. Também toma decisões de fundo, como a criação de um vicariato especial para as favelas, etapa superior da equipe sacerdotal que o cardeal Juan Carlos Aramburu autorizou há quatro décadas. Mas, os padres faveleiros Orlando Yorio e Francisco Jalics, ambos jesuítas, denunciaram que em 1976 Aramburu e Bergoglio entregaram-nos aos militares que os torturaram durante seis meses. Entre os interrogadores havia um com conhecimentos profundos de psicologia e de Igreja. Disse a Yorio que o seu erro era “interpretar materialmente as Escrituras ao ir viver com os pobres. Que Cristo falava de pobreza espiritual”. Há pobres e pobres, e se pode escolher de acordo com o momento.

Desta vez Bergoglio preparou o cenário de forma cuidadosa. Foi ele quem falou do escândalo da pobreza em maio, durante a visita ao Papa. Sua frase foi dita e reproduzida como um comentário de atualidade. Mas, o texto escrito de sua homilia indica que foi uma citação textual de “Navega mar adentro”, documento que o Episcopado divulgou em 2003. Como é comum na relação entre o centro e a periferia eclesiásticos, salvo em casos excepcionais, Roma divulga o que interessa a cada Episcopado nacional. “Navega mar adentro”, por sua vez, remete à Encíclica Populorum Progressio, a mesma em que Paulo VI falou das “revoluções explosivas do desespero”. Para que lembrar essa passagem?

O mesmo detector de paranóias havia estampado na capa do Clarín de 17 de julho a quantificação da pobreza do bispo Alcides José Pedro Casaretto. Seu principal colaborador leigo é o engenheiro Eduardo Serantes, diretor do maior fundo de sementes do país, Cazenave & Associados, coordenador do Fundo Agrícola de Investimento Direto (F.A.I.D.), assessor de empresas agroindustriais e de serviços, responsável pelo programa de trigo candial dos Moinhos Rio da Prata e da Trigalia e do programa de girassol oléico da Dow AgroSciences. Esses fundos não fazem discriminação entre investidores com ou sem batina e, naturalmente, se chateiam com as retenções ao seu comércio exterior. Nada purifica melhor desses dissabores do que ajudar os pobres.

Para ler mais:


POBREZA ARGENTINA. MUITO PARA SER CASUAL. Artigo de Eduardo de la Serna

Artigo de Eduardo de la Serna, coordenador do Movimento de Sacerdotes de opção pelos pobres Carlos Mugica, publicado no jornal argentino Página/12, 10-08-2009. A tradução é do Cepat.
Fonte: UNISINOS


Devido a declarações habituais do Papa, relacionadas neste caso à coleta anual Mais por Menos, alguns retomaram em nosso país o tema da pobreza: “escândalo”, chamou-a Bento XVI. “Escândalo”, repetiu o cardeal Bergoglio. A pobreza nos incomoda, destacou com seu habitual glamour o presidente da Sociedade Rural, a pobreza é o tema principal no diálogo, destacou o monsenhor Alcides Casaretto, a pobreza é o tema que ocupa lugar de destaque na mídia, atualmente. Muita insistência em tão pouco tempo para ser casual. O que aconteceu? De repente, aqueles que ontem ignoravam os pobres, descobriram-nos hoje? Será que “ontem” não havia pobres e que eles passaram a existir apenas depois das últimas eleições? Será que aconteceu algo pontual para que o tema se desencadeasse? Casualidades demais, que nunca são inocentes em política.

O fato de haver pobres na Argentina realmente é um escândalo. A existência de um único já o é. Mas analisemos um pouco mais. “A fome é um crime”, afirmavam os sempre castigados “moços do povo”, ao que obviamente aderimos. Pessoalmente, já me chamou a atenção o fato de um jornal destacar, semanas atrás, que os moços pobres comiam porquinhos da índia, algo que é arremedo do que diziam os jornais em 2002 (“cavalos, ratos e sapos”, diziam na época). Insistência no diálogo, escândalo da pobreza, gravidade da situação dos pobres, temas requentados... será que “alguém” nos queira dizer que estamos como em 2001-2002? Será que esse “alguém” quer preparar o imaginário para que não nos “escandalizemos”, mas que desejemos que um governo constitucional “não termine” o seu mandato?

Uma reflexão

Quando ouço certos setores progressistas dizer que “não se deve judicializar a pobreza”, realmente me incomoda muito. Pessoalmente, creio que se DEVE judicializar. A pobreza é um crime, e deve ser penalizado todo aquele que for responsável pelo fato de os pobres serem mais (mais pobres e mais os pobres). Creio que o Poder Executivo não pode ser indiferente à “escandalosa” distribuição injusta da renda; creio que o Poder Judiciário deve considerar crime o fato de que não se conserta o crime e sancione os responsáveis, e creio que o Poder Legislativo deve sancionar todas as leis necessárias para que os pobres sejam cada vez menos (menos pobres e menos os pobres).

Pois bem, por que há pobres? Essa é a pergunta fundamental. Por isso, me parece totalmente empobrecedora a palavra “excluídos”, porque nunca há “responsáveis”. Porque os pobres na Argentina não são pobres por viverem em um país pobre (há no mundo muitos países mais ricos que a Argentina?). Então, perguntar “por que há pobres” é o passo fundamental para enfrentar o escândalo. Sem uma séria resposta a essa pergunta, tudo é teatro. Ou zombaria. Quais são as causas da pobreza? Será que não há nenhuma relação entre a existência de tantos muito pobres e de poucos tão ricos? E para que ninguém me acuse de “neo-marxista”, lembro que a frase “os ricos são cada vez mais ricos às custas de pobres cada vez mais pobres” pertence a João Paulo II. Ah, e a frase “imperialismo internacional do dinheiro” foi dita por Pio XI.

O que é o escândalo?

A palavra “escândalo” é uma palavra usada com muita frequência pela Igreja, ainda que às vezes de modo estranho. Na Bíblia, o escândalo é a armadilha no caminho, a pedra de tropeço. Ou seja, é o que impede de avançar, que não deixa caminhar. Mas alguém pode “escandalizar-se” de coisas positivas, e nesse caso pobre daquele que se escandaliza!, ou escandalizar-se com maus exemplos, e nesse caso ai daquele que escandaliza!... Em nome do “escândalo” muitas vezes na Igreja se “escondem” padres pederastas, para que não haja “escândalo”, ou se questiona o jornalista que mostra aquilo que escandaliza, como um torturador “encontrado” no Chile. Na realidade, o escândalo não é provocado por aqueles que mostram o que escandaliza, mas por aqueles que são seus autores: os pedófilos, os torturadores, os membros da instituição eclesiástica que mostram “relações carnais” com o poder econômico ou político.

Pois bem, se olharmos sob essa perspectiva, no plano pessoal, a pobreza não me escandaliza. A pobreza me compromete, me impulsiona a fazer o que sei e posso para enfrentar a injustiça que a provoca. No plano pessoal, o que me impede de caminhar, o que me parece que é uma armadilha no caminho é a riqueza. A ostentação, pornográfica com frequência, é o que escandaliza. Os injustos, os algozes me escandalizam. E aqueles que são cúmplices, aduladores ou publicitários. O que é um escândalo é a riqueza, não a pobreza!

A propriedade privada

Como não poderia ser de outra maneira, em plena fidelidade à sua história, a Sociedade Rural insistiu no tema da propriedade privada. É absolutamente coerente. Nunca se preocuparam com os “privados de propriedade”. Mas no plano pessoal, e com o apoio que me dão o Evangelho e o Magistério da Igreja, não a Escola de Frankfurt, creio que enquanto a propriedade privada for vista como um “absoluto” ou um “deus”, a pobreza continuará crescendo. E machucando. Nunca esqueço aquilo que Carlos Mugica repetia: “primeiro se apropriaram de todas as terras e depois fizeram o Código Civil”.

Toda a espoliação de ontem e de hoje na América Latina parece que não “era” propriedade privada, e a “dívida externa” parece que começa apenas quando eles decidem, e não quando a Bolívia foi saqueada, o Paraguai massacrado, a Colômbia devastada... E os indígenas “simplesmente” deslocados, roubados, e vítimas de um genocídio que alguns chamam de “o maior genocídio da história”. Dificilmente alguns teriam chegado a fundar a Sociedade Rural ou entidades afins se antes não tivessem saqueado mapuches, tehuelches e tantas outras etnias “donas da terra”, para depois serem “proprietários”, “gente do campo”. Mas ainda que esquecêssemos isso, a insistência na propriedade privada, e o esquecimento do fim social da propriedade, sem alguma dúvida, é “a mãe de todas as causas” da pobreza.

Os nomes

Na realidade, creio que um elemento que nos permite entender o momento que vivemos é o tema dos “nomes”. São exatamente os pobres os que nunca têm nome: são “os negros”, “os paraguaios/bolivianos”, ou simplesmente “os pobres”, mas nunca têm rosto, nunca têm nome. Os ricos, ao contrário, têm nome próprio. Tão próprio quanto a sua propriedade. Chamam-se Maurizio, Francisco, Ernestina, Amalita. E enquanto os pobres continuarem a ser “anônimos”, ou simplesmente “números”, não se tocará o coração do problema. Basta pensar na mobilização que ocorreu quando o pobre uma vez teve nome e se chamou “Barbarita”. Que os pobres deixem de ser número e tenham rosto e nome torna-se intolerável. E incomoda. Porque a pobreza e os pobres não escandalizam. Causam pena! É por isso que se fala de “estatísticas”, em “número de pobres”, pois não é um assunto importante. É sério, mas não haverá mobilização para as causas. Mas o problema que provoca o reconhecimento do nome e do rosto é que é espinhoso, cheira, se nota. Uma coisa é falar de “um ou dos pobres” e outra bem diferente é abraçar sua pele curtida e ressecada, sentir seu cheiro de fumaça no inverno, seu rosto facilmente imaginável diferente se tivesse nascido em outro lugar com outra alimentação, e outros cuidados.

Mas, lamentavelmente, creio que se deve dizer que não apenas os pobres não têm nome. Também os culpados nunca o têm. Ver discursos e documentos eclesiásticos carregados de boas palavras ou ideias interessantes, mas onde nunca há um nome, nunca há um rosto, dificulta dar-lhes crédito. Ouvir falar do escândalo da pobreza sem que nos digam por que há pobres e por responsabilidade de quem há pobres, pode acabar sendo um discurso retórico e vazio. Há pobres porque há ricos. Especialmente na Argentina. E se os ricos têm nome, não é ruim lembrá-los. Com algum exagero, mas parte de verdade, São Jerônimo dizia que “todo o rico é ladrão ou filho de ladrão”. E é doutor da Igreja. E se alguém é ladrão, é “empobrecedor”.

Um olhar para a situação atual

Há pobreza. É evidente e grave. Creio que a pobreza aumentou nos últimos tempos, ao menos é o que os padres amigos vêem em nossos bairros. Não é fácil dizer quanto, mas insisto: o que escandaliza não é o fato de compartilhar momentos com os pobres, mas ver a mesa sem leite; não fico escandalizado – mas me compromete e mobiliza – com o fato de que os pobres aumentem; o que me escandaliza são os ricos, quer sejam deputados, chefes de governo, executivos de meios de comunicação ou manipuladores da opinião pública; não me escandaliza ver o pobre de perto e chamá-lo por seu nome; me escandaliza ver setores da Igreja de Jesus, o Messias dos pobres, e Igreja dos pobres, próximos dos responsáveis pela pobreza.

Mas, por outro lado, acredito que há um clima esfriado. A transcendência do telegrama do Papa (infinitamente maior comparado com a pouca transcendência que teve a sua recente Encíclica inteiramente dedicada a questões sociais), os discursos na Sociedade Rural dizendo “por ora” não cortamos pontes, defendendo Martínez de Hoz, e criando evidente clima destituinte, isso é preocupante.

É curioso: os bispos argentinos nunca colocaram o arcebispo de La Plata, Héctor Aguer, em nenhuma Comissão Episcopal, e justamente agora o elegem presidente da Comissão Episcopal de Educação, como querendo “demarcar o espaço” ao Governo em um campo tão específico e sensível a antigas Conferências Episcopais. Nunca é demais recordar que durante as ditaduras o Ministro de Educação era escolhido em consenso com o Episcopado, e o mesmo foi feito nos governos democráticos sucessivos. Escolher para esse cargo episcopal um bispo com evidente vocação de cruzado é, obviamente, para “cruzar” o governo neste tema. Sua referência em suas duas declarações de um mês atrás e da semana retrasada aludindo ao “neo-marxismo” só fez recordar-nos outros momentos episcopais e ditatoriais difíceis.

Uma última coisa: há tempos eu dizia que não parecia haver possibilidade de golpe militar na Argentina, fundamentalmente por dois motivos: a Embaixada dos Estados Unidos não parecia alentá-los, e a Igreja fez uma clara defesa da democracia. Portanto, se dois dos grandes apoios dos golpistas não os alentavam, a situação seria difícil para aqueles que acalentavam tais ideias. O presidente da UCR no Senado disse que há aqueles que não querem que o governo chegue em 2011, mas ninguém lhe pediu nomes. A Embaixada não parece alheia ao golpe militar em Honduras, e – ali – a Igreja hierárquica, na voz do cardeal Rodríguez Maradiaga, tomou clara postura pelo regime de facto. Algo semelhante se vê na postura do cardeal da Bolívia, Julio Terrazas. Algumas declarações episcopais parecem sumamente preocupantes neste marco.

Por tudo isso, não creio que todo o arrazoado apresentado no começo seja “casual” nem creio que algumas manifestações episcopais o sejam. Pessoalmente, não creio que muitos deles se importem com os pobres; e digo mais, muitos parecem festejar cada morto da febre A ou cada caso de dengue, ou cada aumento de um dígito da pobreza. Pessoalmente, creio que enquanto os pobres não tiverem nome, não o terão os empobrecedores, e enquanto se seguir sacrificando o sangue das vítimas no altar da propriedade privada e do deus dinheiro, seguramente a situação se agravará, mesmo que os algozes nos olhem com cara de compungidos. Mas, enquanto isso estiver acontecendo, o Evangelho de Jesus, a busca de ser “Igreja dos pobres” não nos deixarão tranquilos até que os pobres tenham casa, pão e trabalho. Até que os pobres sejam vistos como irmãs e irmãos, ou melhor ainda, até que já não haja mais pobres porque também não haverá mais ricos e haverá uma mesa compartilhada e vida celebrada para todos.

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