quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Rashid Khalidi

Artigo extraído do Jornal The New York Times disponível para assinantes da UOL

O que você não sabe sobre Gaza

Rashid Khalidi, um professor de estudos árabes da Universidade de Colúmbia, é autor do futuro livro "Sowing Crisis: The Cold War and American Dominance in the Middle East" [Semeando crises: a Guerra Fria e o domínio americano no Oriente Médio].

Quase tudo o que levaram você a acreditar sobre Gaza está errado. Abaixo estão alguns poucos pontos essenciais que parecem estar ausentes da conversa, grande parte da qual transcorrendo na imprensa, sobre o ataque de Israel à faixa de Gaza.

Os habitantes de Gaza

A maioria das pessoas que vivem em Gaza não está lá por opção. A maioria dos 1,5 milhão de pessoas espremidas nos aproximadamente 360 quilômetros quadrados da faixa de Gaza pertence a famílias que vieram de cidades e aldeias fora de Gaza, como Ashkelon e Beersheba. Elas foram expulsas para Gaza pelo exército israelense em 1948.

A ocupação
Os moradores de Gaza vivem sob ocupação israelense desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Israel ainda é amplamente considerado um poder de ocupação, apesar de ter removido suas tropas e colonos da faixa em 2005. Israel ainda controla o acesso à área, as importações e exportações e a entrada e saída das pessoas. Israel tem controle sobre o espaço aéreo de Gaza e sua costa marítima, e suas forças entram na área à vontade. Como poder de ocupação, Israel tem a responsabilidade segundo a Quarta Convenção de Genebra de assegurar o bem-estar da população civil da faixa de Gaza.

O bloqueio

O bloqueio de Israel à faixa, com o apoio dos Estados Unidos e da União Europeia, tem se tornado cada vez mais severo desde que o Hamas venceu as eleições para o Conselho Legislativo Palestino em janeiro de 2006. Combustível, eletricidade, importações, exportações e a entrada e saída das pessoas da faixa têm sido lentamente sufocados, levando à problemas de saneamento, saúde, abastecimento de água e transporte que colocam as vidas em risco.

O bloqueio sujeitou muitos ao desemprego, miséria e desnutrição. Isso representa uma punição coletiva -com apoio tácito dos Estados Unidos- de uma população civil por ter exercido seus direitos democráticos.

O cessar-fogo

A suspensão do bloqueio, juntamente com um cessar dos disparos de foguetes, foi um dos termos-chave do cessar-fogo de junho entre Israel e o Hamas. Este acordo levou à redução dos foguetes disparados de Gaza, de centenas em maio e junho para um total de menos de 20 nos quatro meses subsequentes (segundo números do governo israelense). O cessar-fogo foi rompido quando as forças israelenses lançaram um grande ataque aéreo e por terra no início de novembro; seis membros do Hamas teriam sido mortos.

Crimes de guerra

Atacar civis, seja pelo Hamas ou por Israel, é potencialmente um crime de guerra. Toda vida humana é preciosa. Mas os números falam por si só: quase 700 palestinos, a maioria deles civis, foram mortos desde o início do conflito no final do ano passado. Em comparação, cerca de uma dúzia de israelenses foram mortos, muitos deles soldados. Negociação é uma forma mais eficaz de lidar com foguetes e outras formas de violência. Isso poderia ter acontecido se Israel tivesse cumprido os termos do cessar-fogo de junho e suspendido o bloqueio à Faixa de Gaza.

Esta guerra contra a população de Gaza não se trata realmente de foguetes. Nem envolve a "restauração da dissuasão por Israel", como a imprensa israelense tenta fazer você acreditar. Mais reveladoras foram as palavras de Moshe Yaalon, o então chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa israelenses, em 2002: "Os palestinos precisam entender nos recessos mais profundos de sua consciência que são um povo derrotado".

Tradução: George El Khouri Andolfato

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