quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Entrevista - Allen Shawn


Medo revelado



por Eduardo Fonseca
Fonte: CULT ON-LINE



Compositor, pianista e professor, Allen Shawn (foto) não é nenhum especialista em fobias. É antes uma vítima que resolveu colocar no papel os problemas gerados pelas suas próprias fobias. Seus medos não são poucos e se estendem a diversos objetos: altura, água, campos abertos, estacionamentos, túneis e estradas desconhecidas. Clinicamente, ele chamado de agorafóbico, uma pessoa que tem medo tanto de espaços públicos quanto de isolamento. No dia-a-dia, ele é um cidadão de meia idade (nascido em 1948), casado, pai de três filhos, que se dispôs a fazer uma auto-avaliação sob o ponto de vista de um homem que sofre determinado mal e que resolve ir atrás de suas causas e conseqüências. O título de seu livro, lançado há dois meses, "Bem que eu queria ir", retrata bem a atmosfera que cerca o autor. Um ambiente que lhe exige quebrar barreiras que, inexplicavelmente, para ele, são intransponíveis. "Às vezes tenho convites para tocar na Europa, na Austrália, Nova Zelândia, mas não posso ir. Nem sempre consigo estar onde gostaria", lamenta.

Para Shawn, a escrita de sua trajetória de vida, que inclui memórias, reflexões e pesquisas científicas, foi uma atividade árdua, mas que lhe suscitou, além de muitas descobertas, "muitos sentimentos". Segundo afirma, diversas pessoas passaram a se reconhecer com o que ele dizia. Pessoas comuns que nem são diagnosticadas como fóbicas, mas que sofrem com suas próprias ânsias. Pois, hoje, ele analisa, "há muitas maneiras de estarmos angustiados mentalmente". Por telefone, de sua casa no estado de Vermont, nos EUA, Shawn fala à CULT sobre seu livro e sua experiência entre a vida e o medo.


CULT - O livro " Bem que eu queria ir " descreve as suas próprias dificuldades. Fazer uma revisão tão honesta de sua vida não abriu as feridas? O senhor sofreu ao fazer um balanço das suas limitações?

Acontece algo interessante quando você se dispõe a escrever, porque você começa a visualizar os seus problemas e, se estiver relaxado, automaticamente começa a recordar detalhes e até experiências completas que havia esquecido. De diversas formas me foi muito dolorido escrever esse livro. Ele suscitou muitos sentimentos e tive que lidar com minha vergonha ao perceber que tinha muitos problemas que não estava realmente disposto a comentar. Mas, por outro lado, me trouxe sentimentos positivos, pois estava revelando a um leitor sobre o meu interior. E nosso interior, hoje em dia, se tornou uma das coisas mais interessantes para se discutir. Eu não escrevi para reclamar das coisas que acontecem comigo ou que me deixaram assim. Escrevi e, posteriormente, senti uma esperança de que outras pessoas poderiam achar coisas valiosas naquilo que estava compartilhando, que elas poderiam achar algo maior do que eu pensava ter escrito.


CULT - No livro, o senhor faz a seguinte declaração: "para tudo o que fiz, há muito mais de que desisti". A constatação da paralisação e impotência diante da vida pode ser frustrante. Escrever o livro ajudou a resolver algumas de suas frustrações?


Acho que o equilíbrio entre algo positivo e negativo é muito tênue. De certa forma, não sou uma pessoa retraída. Eu gosto de arte, música contemporânea, gosto do ato de se expressar, de dar opinião. Faço concertos como pianista, ministro aulas, dou palestras... Então, sou capaz de passar por cima de muitos medos que todos nós temos. Pegar esse lado negativo da nossa vida e transformá-lo em algo positivo é louvável. Seria ótimo se pudesse dizer que consegui controlar todos meus medos de forma tão eficiente assim, mas não é o caso. Mesmo assim, diante daquilo que ainda me é negativo, resolvi tomar uma atitude e investigar. Fui um privilegiado, pois consegui transformar em palavras, com algum mérito literário, uma parte desse meu lado negativo e, com isso, atingir pessoas que realmente não sabiam que esses problemas são importantes. As pessoas passaram a se reconhecer com o que eu dizia. E eu espero que, a cada dia, mais pessoas se identifiquem. Pois hoje há muitas maneiras de estarmos angustiados mentalmente. E a vida das pessoas não precisa ser fielmente parecida com a minha para termos o mesmo tipo de problema.

CULT - A sua família é incomum e criativa. Seu pai, o prestigiado jornalista William Shawn, era fóbico e levava uma vida dupla, sua irmã gêmea Mary é autista, sua mãe, a jornalista Cecile Lyon, negava a origem judaica e também era fóbica. Seu irmão é o conceituado dramaturgo Wallace Shawn. Acredita que as neuroses são transmitidas geneticamente ou a convivência com elas tem influência no padrão de comportamento?

Eu sou só um músico, não um cientista. Mas eu sinto que a genética tem um papel importante nesse tipo de questão. No caso da minha irmã, por exemplo, percebo que os pais que têm filhos autistas carregam algumas características do autismo dentro da personalidade. Ninguém diria que os pais de alguém autista também são autistas, mas existe essa peculiaridade. Acho que todos os membros da minha família possuem alguns ingredientes para terem problemas psicológicos. Agora, a maneira em que somos criados obviamente causa grande impacto também. Se eu tivesse crescido num lugar diferente, com uma família diferente, se tivesse sido levado para acampar, pescar, para viagens de avião, provavelmente teria desenvolvido um sentimento de segurança a respeito dessas coisas. Por outro lado, acredito que teria essas tendências biológicas ligadas à ansiedade se manifestando em outras coisas. Mas no que acredito mesmo é que as coisas que fazemos de maneira feliz e confortável com a família preservam a gente de muitos problemas futuros.

CULT - Você tem três filhos, como você os observa em relação a seus problemas? Você acha que de alguma forma eles herdaram alguns de seus medos?

Acho que não. Fui casado duas vezes, minha esposa atual é uma pianista japonesa e temos um filho de 1 ano. Então não dá para saber da personalidade dele, apesar de parecer um menino muito feliz. Mas meus outros dois filhos, de 20 e 24, têm certa ansiedade, mas de um tipo diferente da minha. O importante é não mostrar a nossos filhos os nossos próprios medos. Se você mostrar a um macaco, por exemplo, um filme de um outro macaco assustado por alguma coisa, isso irá influenciá-lo . Medo é contagioso. Se você vê seu pai reagindo a algo com medo, isso é uma imagem muito poderosa. Então fiz o melhor para mostrá-los que as coisas que me perturbavam não eram perigosas, que se tratava de um problema pessoal estritamente meu.

CULT - A agorafobia é isoladora. O senhor cita a escritora Emily Dickinson que vivia pânicos constantes e, no entanto, possui uma obra espetacular. As fobias ajudam a criatividade? Kafka teria existido sem as suas fobias?

Eu acho que esse tipo de hiper-sensibilidade é constantemente associada a uma percepção aguda de aspectos da vida que muitos não se dão conta de que existem. Todos temos diferentes percepções de mundo, pois há tanta informação circulando que é impossível perceber tudo que acontece de uma mesma maneira. Cada um tem sua sensibilidade. Agora, um certo nível de fobia na vida envolve reflexão do que está acontecendo. Medo e reflexão andam muitas vezes lado a lado. Se você pensa em guerras, por exemplo, você poderá ver isso. O que um soldado deve fazer quando ele tem que subir um morro se teoricamente ele sabe que lá no alto será atingido por uma bala? O soldado tem que fechar sua mente para o medo, mas também para o que está acontecendo em volta. Então, de certa forma, quando você sente medo, você está experimentando o mundo de uma forma muito intensa. Existem, contudo, níveis de medo. Acho que é necessário ter grande sensibilidade para se expressar artisticamente, mas isso não quer dizer que essa sensibilidade seja condicionada a alguma fobia.

CULT - O senhor cita muito Darwin em seu livro. Qual é a importância dele para o entendimento das neuroses?

Acho que no fundo de tudo somos parte da natureza. Nos achamos realmente muito espertos, mas vivemos em um mundo em que só escutamos a nossa própria voz. É essa a grandiosidade do homem: só escutar a si mesmo. Não escutamos os insetos, os pássaros, os ursos... A verdade é que somos parte da natureza tanto quanto esses animais, e todos temos uma reação fisiológica em relação ao mundo. Ler Darwin me ajudou a ver que, quando me sinto miserável, de alguma maneira estou colocando uma dimensão humana num problema fisiológico. Uma dimensão que deveríamos ver como parte do mundo e não como algo isolado, nosso. Deveríamos relacionar esse sentimento a outras pessoas. Eu aprendi a ver meus defeitos como algo vasto, complicado e misterioso e, sendo assim, como uma beleza particular. Isso demanda uma visão mais poética do mundo.

CULT - O processo fóbico é um círculo neurobiológico contínuo que se alimenta apenas de si próprio. Quando o alarme do pânico dispara, pela sua experiência, qual é a saída?

Acho que o caminho é entender a ansiedade o mais cedo possível e tentar reconstruir a trilha que ela faz para mudar a nossa reação diante dela. Temos que aprender a não entrar em pânico devido simplesmente ao pânico em si mesmo. Existe um ciclo que ocorre quando se está ansioso que faz com que, quando a ansiedade nos acomete, a gente reaja de uma forma que a potencializa. Então, saber do que se trata a ansiedade e, fundamentalmente, saber que não estamos morrendo ou ficando loucos já é um grande passo. Nesse sentido, acho que os terapeutas cognitivos estão no caminho certo. Eu também acredito na boa e velha psicologia. O importante é viver uma vida plena e não superficial.

CULT - Neste sentido você acha que a religião pode cumprir um papel importante?

Bom, eu sou um compositor e não se pode ser um compositor sem uma crença forte em algo. Quando eu escuto J.S.Bach, enquanto a música toca, eu sou um crente. Mas não tenho uma prática religiosa. Meus pais são ateus. Independente disso, porém, tenho um grande respeito pela religião e não acho que há algo que possa substituí-la. Estamos cometendo um grande erro ao tentar achar um equivalente para a religião na nossa vida cotidiana. Pois acredito que ela seja o único instrumento que nos faz abaixar a cabeça para a natureza e, dessa forma, nos torna parte de algo maior.

CULT - Como a leitura de Freud o ajudou a compreender a sua doença?

Freud era um grande escritor que conseguiu conversar sobre as profundas experiências das pessoas. Ele abriu um território totalmente novo que estava fechado na vida interior das pessoas. Se eu tenho uma crença, seria a de que cada pessoa é um continente. Que aquilo que acontece dentro das pessoas importa, e muito! Não digo que Freud é preciso em tudo que diz, mas foi um desbravador.

CULT - No livro não fica claro se o senhor utiliza algum medicamento. O senhor toma remédios? Tem o acompanhamento de um psiquiatra ?

Eu faço análise, o que me ajuda a ficar mais tranqüilo. Quanto a medicamentos, não os tomo. Se eu tivesse 30 anos hoje, eu definitivamente experimentaria medicamentos. Mas aos 60 já não consigo, embora aparentemente muita gente tenha sucesso com tais tratamentos.

CULT - Mas qual a diferença em tomar medicamentos aos 30 e aos 60? Por que você os tomaria no passado e hoje se recusa?

É complicada essa questão, mas acho que eu não deveria ter criado uma resistência radical aos remédios, pois muitas reações fóbicas que tenho provavelmente seriam mais fáceis de serem superadas com um medicamento. O meu problema é que os remédios deixam as pessoas passivas demais, desanimadas, e eu ainda prefiro estar ansioso, mas excitado.

CULT - O fóbico acredita que seus pensamentos terríveis podem mudar a ordem das coisas, que a catástrofe de suas idéias pode interferir nos acontecimentos (um pensamento mágico). Quando é provado que nada aconteceu de trágico - ao atravessar uma rua, por exemplo - isso não diminui a sensação de pavor? E, caso a resposta seja negativa, por qual motivo isso não acontece?

Seria muito bom se esse tipo de pensamento lógico funcionasse na cabeça de um fóbico, mas infelizmente não é assim que acontece. Acredito que o temor que sentimos não está localizado em seu objeto figurativo. Não é o avião que vai cair, não é a ponte que nos causa medo. No fundo, o medo do fóbico é o seu próprio pânico que ali se materializa de uma maneira figurativa. Seria um pânico travestido de algo que envolve a sobrevivência, por exemplo. O objeto do medo me parece uma maneira do fóbico lidar e vivenciar o seu pânico, de colocá-lo para fora de si por algum momento.

CULT - O senhor escreve sobre a vergonha desse aspecto de sua personalidade. Como lidar com isso agora que seu problema se tornou público?

Não senti preconceito por parte das pessoas. Senti até mais tranqüilidade a respeito de mim mesmo, passei a não ter mais certas posturas que não condiziam com minha vontade. Foi uma ótima experiência.

CULT - A OMS (Organização Mundial de Saúde) divulgou recentemente uma pesquisa alarmante: em 2030 a depressão será a doença mais comum do mundo. Algumas escolas médicas acreditam que distúrbios de ansiedade, pânicos e fobias têm origem em personalidades depressivas. Os laboratórios vão produzir um remédio capaz de conter esse mal? As terapias cognitivas e as análises vão evoluir? Você é um otimista?

Esses dados são incríveis. Mas acredito que o mundo não é mais deprimente do que era no século XIV, quando havia pragas que matavam milhares de pessoas, quando havia muitas guerras e escravidão. O mundo não está ótimo, mas não está pior do que um dia já foi. Eu diria que essa constatação foi um ponto que me motivou a escrever esse livro. Porque é terrivelmente deprimente sentir-se mal a respeito de si mesmo e não ter um motivo pleno. Então não escrevi um livro de alguém lamentando a sua vida. Trata-se mais de um contra-ataque ao sentimento de desespero. Kierkegaard (filósofo dinamarquês) fala que desespero é um pecado original. E isso é muito interessante, porque a vida é uma grande oportunidade e temos que aproveitá-la. Então é péssimo saber de tais dados que apontam a depressão como o principal problema de saúde no futuro. As pessoas têm que se conectar mais às outras. Existe uma crise de sentido no mundo. Se a vida tem um sentido, ela pode ser trágica e triste, mas a gente se agüenta em pé. Se eu ficar uma tarde vendo televisão neste país, eu fico tão deprimido... Mas se escuto Mozart, Bach, Schoenberg, consigo vislumbrar sentido. O problema é que estamos cercados por um monte de lixo que não nos diz nada. Isso é desmoralizante.




Bem que eu queria ir
Allen Shawn

Companhia das Letras
312 pp.
R$ 48

Projeto Excelências


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