sábado, 5 de setembro de 2009

Crise e hegemonia na lente dos sociólogos latino-americanos

Faz 59 anos que a Associação Latino-americana de Sociologia (ALAS) sustenta a bandeira do debate crítico em uma região tão rica quanto desigual. E a crise global em curso, mais a hegemonia em debate, é um dos eixos de seu Congresso em Buenos Aires, que aconteceu ao longo de toda a semana e que terminou nesta sexta-feira. Contou com o patrocínio do Conicet, Ministério da Educação e Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso). A reportagem é de Néstor Restivo e está publicada no jornal argentino Clarín, 04-09-2009. A tradução é do Cepat.
Fonte: UNISINOS








Na sede da Universidade de Buenos Aires, centenas de estudantes e graduados locais, chilenos, uruguaios, colombianos e de outros países encheram todas as salas de aula. Em uma delas, quatro sociólogos diagnosticaram e traçaram cenários possíveis sobre o futuro da economia global.

Segundo o panamenho Marcos Gandasegui, “a crise não é sintoma, mais o efeito de um ciclo que começou nos anos 1970 com sobreprodução, subconsumo e baixos lucros empresariais. Para reverter esse quadro criaram o neoliberalismo, mas que fracassou. E hoje, há quatro ensaios de ‘saída’: os Estados Unidos, reconstruindo o sistema com um colossal apoio aos bancos; a Europa, com uma nova regulação keynesiana; a China, que pede uma reforma monetária global e, a mais auspiciosa para a América Latina, por maiores autonomias e multipolaridade, mas para isso falta ainda uma força social capaz de dar um empurrão”.

Os brasileiros Theotonio dos Santos – um dos pais da teoria da dependência – e Carlos Martins centraram suas exposições na “decadência” dos Estados Unidos, com os cada vez mais assombrosos números de seu déficit comercial e fiscal e sua dívida pública. “Isso dificulta a hegemonia norte-americana, por exemplo, para sustentar as suas bases militares. Os custos do império crescem e está cada vez mais endividado”, disseram.

Segundo Santos, “os Estados Unidos vivem o que chamou de parasitismo, o mesmo que fizeram em sua queda impérios como Portugal ou a Grã-Bretanha. Sua força de trabalho decresce, suas empresas se deslocaram para outros países e vivem de seus domínios externos. Mas o peso da sua dívida – e a dependência do financiamento da China – pode ser muito perigoso para ser sustentado”.

Emir Sader, diretor do Clacso, solicitou evitar os erros do passado de descrever de forma catastrófica “uma crise final capitalista, a fase definitiva, a fase definitiva II (ironizou) de sua queda. O que é preciso pensar é a correlação de forças. Porque se é verdade que os Estados Unidos estão se enfraquecendo, o que está se fortalecendo?”.

Para Sader, “os Estados Unidos são mais frágeis que em décadas anteriores, mas mantêm seu predomínio militar, econômico, político (é o único país que tem uma iniciativa em qualquer lugar do mundo onde há algum conflito) e, sobretudo, ideológico: o modo de consumo, as marcas, os shoppings, os carros, seu modo de vida que se difundiu para todo o mundo sem que confrontemos alternativas”.

Reclamou políticas de desmercantilização e criação de direitos e nesse sentido ponderou conquistas como a alfabetização na Bolívia ou experiências médicas de solidariedade cubanas em vários países, sobretudo na área da oftalmologia, mas criticou o pouco avanço na integração regional. “A crise é uma oportunidade que não deve ser desperdiçada”, indicou.

Foi entregue um doutorado Honoris Causa ao sociólogo peruano e professor da Binghamton University (Estados Unidos), Aníbal Quijano.

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