quinta-feira, 28 de maio de 2009

Paulo Nogueira Batista Jr.

Real forte, economia fraca

"A valorização é um sintoma de que a economia brasileira começa a escapar da crise. No exterior, prevalece a percepção de que o país resistiu bem à gravíssima turbulência internacional" mas também "ameaça a competitividade das exportações brasileiras, já fortemente prejudicadas pela recessão mundial". A análise é de Paulo Nogueira Batista Jr., economista, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 28-05-009.
Fonte: UNISINOS


O real voltou a se valorizar, invertendo grande parte da depreciação acumulada desde o agravamento da crise internacional, no final do ano passado. Moeda forte é exatamente como a ponte Rio-Niterói: "Por um lado, é bom; por outro, é Niterói" (Max Nunes).

Por um lado, a valorização é um sintoma de que a economia brasileira começa a escapar da crise. No exterior, prevalece a percepção de que o país resistiu bem à gravíssima turbulência internacional. Essa percepção, aliada a certa melhora do quadro mundial e aos juros altos no Brasil, está levando a um aumento da demanda por ativos em reais e a entradas significativas de capital. A valorização cambial também ajuda a controlar a inflação, que já vinha em queda por conta da recessão.

Por outro lado, a valorização ameaça a competitividade das exportações brasileiras, já fortemente prejudicadas pela recessão mundial.

Representa, além disso, um estímulo à importação, favorecendo a substituição de produção nacional por bens e serviços externos. A queda das exportações e o deslocamento da produção nacional por importações contribuem para dificultar a retomada da economia.

Como lidar com o problema? A acumulação de reservas é uma alternativa atraente, que vem sendo adotada pelo Banco Central desde o início do mês. Ao intervir no mercado de câmbio, absorvendo o excesso de oferta de moeda estrangeira, o BC alcança dois objetivos:

a) segura a apreciação do real, impedindo pelo menos parcialmente a perda de competitividade; e

b) eleva o nível das reservas, reforçando a proteção contra choques externos e garantindo a autonomia do país.

O aumento das reservas para mais de US$ 200 bilhões, que ocorreu antes da fase mais grave da crise mundial, é um dos fatores que explicam o desempenho relativamente favorável do Brasil em circunstâncias muito adversas. Diversos outros países em desenvolvimento, que não tinham a proteção proporcionada por reservas elevadas, sofreram crises cambiais e tiveram que bater às portas do FMI. O Brasil, inversamente, irá emprestar dinheiro ao Fundo, pela primeira vez na história.

Tivemos, entretanto, alguma perda de reservas. As reservas brasileiras, no conceito de caixa, caíram de US$ 206 bilhões no final de setembro de 2008 para US$ 191 bilhões no final de abril de 2009, uma perda de US$ 15 bilhões.

Convém aproveitar a conjuntura mais favorável para recompor as reservas. Neste mês, até o dia 22, as reservas aumentaram em US$ 4,5 bilhões. Um esforço adicional de acumulação de reservas ajudaria a conter a tendência de apreciação do real e poderia trazer as reservas para o nível observado antes da intensificação da crise, em outubro.

A valorização acentuada do real sugere também que a taxa de juro continua fora do lugar, apesar das diminuições recentes. O diferencial de juros entre o Brasil e o resto do mundo ainda é muito alto, contribuindo para o fortalecimento do real. Os juros altos também obstruem a recuperação da demanda interna. Portanto, uma diminuição mais rápida dos juros internos traria um duplo benefício: contribuiria para conter a perda de competitividade externa e apressaria a recuperação do mercado interno.

Em suma, o governo tem instrumentos para lidar com o problema. Trata-se basicamente de intensificar a acumulação de reservas e acelerar a redução dos juros. É recomendável, porém, agir com rapidez, evitando que se instale a expectativa de um novo ciclo de valorização da moeda brasileira.
[grifos do blog]

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